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Israel anuncia plano para construir 2.500 casas na Cisjordânia

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Israel está disposto a aprovar a construção de milhares de casas para colonos na Cisjordânia ocupada, uma decisão que as autoridades palestinas consideram como "uma nova agressão" em um momento de grande tensão entre ambos os lados.

O ministro israelense da Defesa, Avigdor Lieberman, anunciou nesta quinta-feira (24) que solicitará a aprovação de um plano para construir 2.500 casas em 30 colônias da Cisjordânia ocupada.

"As 2.500 novas residências que vamos autorizar durante o comitê de planejamento na próxima semana serão construídas imediatamente em 2018", afirmou em um comunicado.

Lieberman indicou que também solicitará a aprovação do comitê para a construção de outras 1.400 casas mais à frente.

"Nos comprometemos a aumentar as construções na Judeia Samaria e cumprimos nossas promessas", destacou o ministro da Defesa, que usa o nome bíblico para fazer referência à Cisjordânia ocupada.

"Nos próximos meses, vamos pedir autorização para construir milhares de residências adicionais", completou.

Os assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada são ilegais do ponto de vista do Direito Internacional e muito criticados pelos palestinos.

Na terça-feira (22), o ministro palestino das Relações Exteriores, Riyad al-Maliki, afirmou no Tribunal Penal Internacional que as colônias israelenses constituem a "ameaça mais perigosa para a vida dos palestinos e seus meios de subsistência".

Como toda vez que Israel anuncia novas construções em assentamentos, a liderança palestina denunciou nesta quinta a natureza ilegal de tais medidas, encorajadas, de acordo com ela, pelo viés pró-israelense da administração americana de Donald Trump.

"A continuação da colonização, as declarações de apoio por parte das autoridades americanas e incitação ao ódio proferidas por ministros israelenses marcaram o fim da solução de dois Estados e qualquer papel dos Estados Unidos na região", disse o porta-voz do presidente palestino, Nabil Abu Rudeina, citado pela agência de notícias palestina Wafa.

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Ao contrário de seu antecessor, Barack Obama, muito crítico à expansão israelense nos assentamentos, o presidente Trump, que tem multiplicado os gestos em favor de Israel desde sua posse, mal mencionou essa questão.

"A situação é muito complicada" e "Israel deve ser muito cauteloso com as colônias", disse ele a um jornal israelense em fevereiro.

Lieberman e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, cujo governo é favorável aos defensores da colonização, disseram que Israel continuará construindo casas nos territórios ocupados.

"Manteremos a dinâmica do desenvolvimento dos assentamentos", tuitou Netanyahu.

"Em breve, aprovaremos novas casas", acrescentou ele.

Desde 1967, os diferentes governos israelenses aprovaram os assentamentos nos territórios em que os palestinos desejam criar seu Estado, dificultando, assim, a viabilidade deste projeto.

Entre a Cisjordânia ocupada e Jerusalém Oriental anexada, mais de 600.000 colonos israelenses convivem muitas vezes em conflito com quase três milhões de palestinos.

O governo israelense nega que as colônias dificultem a busca pela paz e culpa a falta de progresso no diálogo pelo fato de os palestinos rejeitarem a existência de um Estado judeu, quaisquer que sejam suas fronteiras.

As negociações de paz estão paradas desde 2014. Trump chegou ao poder disposto a selar um acordo diplomático "definitivo" entre israelenses e palestinos. Várias de suas decisões, porém, incluindo reconhecer Jerusalém como a capital de Israel e transferir a embaixada de Tel Aviv para a Cidade Santa, enfureceram a liderança palestina, que suspendeu seus contatos com as autoridades americanas.

Em 14 de maio, o dia da transferência da embaixada para Jerusalém, 62 palestinos foram mortos por tiros israelenses na Faixa de Gaza durante as manifestações contra a decisão de Washington e em favor do "direito de retorno" dos palestinos que deixaram suas terras quando Israel foi criado.

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