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Clérigo antiamericano Moqtada Sadr vence legislativas no Iraque

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O líder xiita Moqtada Sadr, reconhecido por combater as forças americanas no Iraque, venceu as eleições legislativas. mas agora terá que lidar com os outros partidos para governar um país abalado pela corrupção.

A lista de Moqtada Sadr, que se aliou aos comunistas, venceu as legislativas, de acordo com os números definitivos anunciados na sexta-feira à noite pela comissão eleitoral.

Na segunda posição ficaram os candidatos dos antigos combatentes das unidades Hashd al Shaabi, que lutaram contra o grupo jihadista Estado Islâmico (EI).

O primeiro-ministro em final de mandato Haider al Abadi, que contava com o apoio da comunidade internacional, acabou em terceiro lugar.

Segundo o resultado final, a lista "Marcha pelas reformas", uma aliança inédita entre o líder nacionalista xiita e os comunistas, ficou com 54 cadeiras, a Aliança da Conquista, do Hashd, obteve 47, e a Aliança da Vitória, liderada por Abadi, com 42.

No Twitter, Moqtada Sadr, 44 anos, comemorou afirmando que "a reforma venceu e a corrupção saiu enfraquecida".

O sistema eleitoral iraquiano estabelecido depois da saída do poder de Saddam Hussein está ajustado para que o Parlamento fique fragmentado para evitar qualquer acumulação de poder.

Cada eleição parlamentar é seguida por longas negociações para formar uma maioria governamental e em 2010, a lista do laico Iyad Allawi ficou em primeiro, mas foi relegada no jogo das alianças.

As eleições de 12 de maio foram marcadas pela forte abstenção de 44,52%.

As negociações para a formação de um novo governo se apresentam complicadas, já que as duas potências presentes no Iraque - Estados Unidos e Irã - se enfrentam em outra questão, depois que Washington decidiu abandonar o acordo nuclear com Teerã.

Além disso, a personalidade e a trajetória de Moqtada Sadr preocupam tanto Washington como Teerã.

Os americanos recordam sua poderosa milícia, contra a qual lutaram após a invasão do Iraque em 2003.

Os iranianos não esquecem as posições antagônicas que este descendente de líderes religiosos, respeitados opositores, assumiu regularmente, como sua visita à Arábia Saudita, inimiga do Irã.

Em 2014, o atual primeiro-ministro Haider al-Abadi chegou ao cargo porque Estados Unidos e Irã fecharam um acordo sobre este político xiita que estudou na Grã-Bretanha.

A situação hoje é diferente. De acordo com fontes políticas, os iranianos já iniciaram encontros com diferentes partidos iraquianos para opor-se a Sadr.

Uma das possíveis alianças é a de Abadi com Hadi al-Ameri, líder da poderosa organização Badr, apoiada e armada pelo Irã, e Nuri al-Maliki, seu antecessor como primeiro-ministro, que para muitos iraquianos representa a classe política corrupta e hermética que denunciam frequentemente.

Esta onda de descontentamento popular a respeito dos políticos favoreceu Moqtada Sadr, arauto das manifestações semanais contra a corrupção organizadas em 2015.

bur-sbh/sk/fp