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Crise aumenta e seguidores de líder opositor paralisam a capital da Armênia

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Dezenas de milhares de armênios saíram às ruas de Yerevan nesta quarta-feira, bloqueando avenidas e edifícios públicos, em protesto contra a recusa do Parlamento de aceitar o líder opositor Nikol Pashinian como candidato a primeiro-ministro.

Os manifestantes se reuniram no centro de Yerevan em resposta à convocação de "desobediência civil" de Pashinian, de 42 anos, que lidera um movimento de protesto no país desde 13 de abril.

Em uma demonstração de força, os manifestantes paralisaram a capital da Armênia, onde quase todas as ruas estavam bloqueadas ao trânsito e muitas lojas fechadas. O transporte ferroviário estava prejudicado e a estrada que leva ao aeroporto bloqueada.

A Armênia está há três semanas em uma crise política sem precedentes: um movimento de protesto provocou no dia 23 de abril a renúncia de Serzh Sarkisian, que havia sido eleito primeiro-ministro seis dias antes pelos deputados.

Sarkisian foi presidente do país por 10 anos.

O Parlamento, reunido na terça-feira em sessão extraordinária para definir um novo primeiro-ministro, rejeitou a candidatura do opositor Pashinian, embora ele fosse o único nome na disputa.

O Partido Republicano, que governa o país e tem maioria no Parlamento, votou contra o nome de Pashinian. Dos 100 deputados que participaram na sessão, 55 rejeitaram o opositor e 45 votaram a favor do líder dos protestos.

"Senhor Pashinian, não o vejo no cargo de primeiro-ministro", afirmou Eduard Sharmazanov, porta-voz do Partido Republicano e vice-presidente do Parlamento.

Após a votação, Pashinian convocou os milhares de armênios reunidos na Praça da República, centro de Yerevan, que bloqueassem estradas, aeroportos e ferrovias. A multidão acompanhou durante todo o dia os debates parlamentares em telões.

Nesta quarta-feira, a multidão nas ruas exibe bandeiras armênias, faz barulho com cornetas e grita "Armênia livre e independente!".

"Queridos, o metrô e as ferrovias foram paralisados, a estrada para o aeroporto foi cortada", afirmou Pashinian a seus seguidores, antes de informar que várias universidades e escolas se uniram ao protesto.

"O povo não vai desistir, os protestos não diminuirão", afirmou à AFP Serguei Konsulian, um empresário de 45 anos.

Gayane Amiragian, estudante de 19 anos, concordou: "Nós vamos vencer porque estamos unidos, todo o povo armênio está unido".

- Herói -

Antes da votação de terça-feira, vários deputados do partido no poder criticaram o que consideram falta de coerência do programa político de Pashinian.

"Não se pode ser um pouco socialista e um pouco liberal", declarou Sharmazanov.

Quando anunciou sua candidatura ao cargo de chefe de Governo, Pashinian multiplicou as demonstrações de força e reuniu, quase diariamente, seus partidários na Praça da República.

Muitos armênios recordam as mortes de 10 manifestantes em 2008 em confrontos entre seus partidários e a polícia, quando Serzh Sarkisian acabara de obter o primeiro mandato presidencial.

Pashinian passou à clandestinidade durante meses, antes de se entregar às autoridades. Ele foi detido, mas em 2011 ganhou a liberdade graças a uma anistia.

A liderança no protestos recentes o transformou em "herói" para muitos armênios, segundo o analista independente Ervand Bozoyan.

"Desde os anos 1990, as pessoas esperam mais mudanças no país. Agora veem que é possível. Estão surpresas", afirma.

Os partidários de Pashinian afirmam que Serzh Sarkisian, presidente da Armênia de 2008 a 2018, e o Partido Republicano não reduziram a pobreza e a corrupção no país, ao mesmo tempo que deixaram os oligarcas no controle da economia da ex-república soviética do Cáucaso, que tem 2,9 milhões de habitantes.

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