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Líder empresarial da Nicarágua prevê país mais democrático após crise

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A Nicarágua sairá da atual crise mais democrática, declarou nesta terça-feira José Aguerri, presidente do poderoso Conselho Superior da Empresa Privada (COSEP) sobre os protestos contra a reforma da Previdência que deixaram 27 mortos.

"Esta é uma Nicarágua na qual os jovens despertaram uma consciência crítica e fizeram com que hoje o país siga de uma maneira diferente", declarou o empresário em entrevista à AFP.

"Os jovens defenderam com sua vida o direito de protestar, o direito de livre expressão. Hoje se abre a possibilidade de a Nicarágua ter um futuro diferente, muito mais promissor e democrático", avaliou.

Aguerri explicou que os empresários mantiveram um diálogo econômico com o governo que deu resultados positivos, com crescimento anual de 5% nos últimos sete anos e investimentos estrangeiros multiplicados por seis, além do baixo desemprego.

O problema, explicou o líder empresarial, é que o governo não acatou os apelos para realizar um diálogo similar em matéria de política e de educação.

Diante da crise, o governo pediu para dialogar com o setor privado, que impôs como condição o fim da repressão aos manifestantes, a libertação dos detidos nos protestos e a suspensão da censura à imprensa, após o bloqueio de vários canais de TV.

Aguerri considerou que as condições para o diálogo estão surgindo e na noite desta terça-feira bispos católicos decidiram mediar o diálogo nacional.

"Como setor privado levamos anos pedindo isto sem obter resultados. A sociedade civil e a classe política não conseguiram, mas os estudantes conseguiram com seu sangue".

"Será uma Nicarágua mais democrática" ao final deste diálogo, mais inclusiva, com representantes de todos os setores da sociedade.

Mas é indispensável restaurar a credibilidade do sistema eleitoral, regido por um tribunal controlado pelos governistas, assim como uma lei de partidos políticos que garanta a participação de todas as forças que desejem concorrer.

Nas eleições passadas, os tribunais - controlados pelo governo - impediram a participação do principal partido de oposição, abrindo caminho para a vitória de Ortega e uma cômoda maioria da Frente Sandinista no Congresso.

"A Nicarágua mudou. Não é a Nicarágua de há uma semana, precisamos entender que devem participar todos os setores no diálogo", concluiu Aguerri.

mas/lr