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Justiça mexicana aponta que jornalista Valdez foi morto por seu trabalho

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Tudo aponta para o assassinato do jornalista mexicano Javier Valdez estar relacionado com suas investigações sobre o narcotráfico, considerou nesta terça-feira (24) o governo, após anunciar a primeira captura pelo homicídio executado há quase um ano.

Esse assassinato desatou a condenação internacional.

"Presume-se que o homicídio de Valdez Cárdenas esteja relacionado com os diversos trabalhos de investigação jornalística, nos quais cobria temas como narcotráfico e crime organizado", disse o comissário de Segurança Nacional, Renato Sales, em uma mensagem à imprensa.

O titular da Promotoria especializada em crimes contra a liberdade de expressão, Ricardo Sánchez-Pérez del Pozo, concordou com Sales.

"A partir da análise feita de todo o seu trabalho jornalísticos dos dois anos anteriores a sua morte, confirmamos que foi por uma questão contra a liberdade de expressão", declarou Sánchez-Pérez.

No México, mais de 100 comunicadores foram assassinados desde 2000, e a imensa maioria permanece impune. Em vários casos, as autoridades judiciais descartaram rapidamente a hipótese de que o trabalho jornalístico dessas vítimas fosse o motivo provável.

Sales reportou na segunda-feira a prisão de um dos coautores do homicídio, cometido em plena luz do dia em 15 de maio de 2017, a algumas quadras do semanário Riodoce, do qual Valdez era fundador.

Nesta terça-feira, Sales acrescentou que o primeiro nome do coautor do assassinato de Valdez, que foi colaborador da AFP, é Heriberto, também conhecido como "El Koala", e tem 26 anos. A lei mexicana impede que as autoridades judiciais revelem os nomes completos dos detidos.

O acusado foi preso em Tijuana, na fronteira com os Estados Unidos, e levado a Culiacán, Sinaloa (noroeste). "Está assinalado como um dos coautores deste crime, e é vinculado a um grupo criminoso dedicado ao tráfico de drogas", apontou Sales, acrescentando que há outras ordens de apreensão emitidas por um juiz federal.

A captura ocorre a 10 dias da entrega de um prêmio criado pela ONU e AFP para homenagear a memória de Valdez e a de sua colega Miroslava Breach, também assassinada no norte do México em março de 2017 em uma aparente represália por seu trabalho investigando os vínculos entre a política e o crime organizado.