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Pompeo recebe apoio chave para ser confirmado como secretário de Estado

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O Comitê de Relações Exteriores do Senado americano deu seu apoio nesta segunda-feira (23) à nomeação de Mike Pompeo como Secretário de Estado, em uma sessão acidentada que esteve à beira do colapso.

A controversa nomeação foi enviada para apreciação no plenário da Câmara Alta com o apoio de 11 votos a favor, 9 contra e uma abstenção. O Senado ainda não definiu uma data para esta votação.

Esta comissão, de 21 legisladores, precisou de duas votações para decidir o apoio a Pompeo, já que na primeira rodada o resultado foi de 11 votos favoráveis e 10 contrários, mas com um senador ausente na sala.

Segundo o regulamento, este resultado não poderia seguir para o plenário, pois a diferença de apenas um voto coincidia com o senador ausente, e assim a sessão ficou estagnada.

Finalmente, depois de negociações, um senador democrata, Christopher Coons, tendo já registrado em atas sua oposição à nomeação de Pompeo, acatou omitir seu voto em uma nova rodada para permitir que a decisão possa ser formalizada.

Assim, na nova rodada, Coons disse apenas "Presente!" e omitiu seu voto. Com dois votos de diferença, o apoio o comitê pôde passar ao plenário do Senado sem ficar exposto a um pedido de anulação mais adiante.

- Mudanças de última hora -

O dia foi uma verdadeira montanha russa para a nomeação, já que pela manhã, a previsão generalizada era o repúdio de Pompeo no comitê do Senado devido ao voto negativo de um representante republicano, o ultraconservador Rand Paul.

No entanto, minutos antes do início da sessão, Paul anunciou que havia mudado de ideia depois de conversar por telefone com o presidente Donald Trump, e com isso, Pompeo praticamente garantiu a aprovação de seu nome.

O apoio do comitê evitou, assim, que Pompeo sofresse uma humilhação sem precedentes.

De acordo com o gabinete do historiador do Senado, não há registros de que um nomeado para secretário de Estado tenha sido rejeitado pelo Comitê de Relações Exteriores (antes de 1920, este voto era secreto).

- Ataque a "obstrucionistas" -

Nos últimos dias, o próprio Trump recorreu ao Twitter para criticar os "obstrucionistas" que insistiam em bloquear a confirmação de Pompeo.

A porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, havia dito na segunda-feira que é "absolutamente escandaloso que não possamos avançar mais rapidamente", e acrescentou que a situação transmitia a sensação de que "o Senado tem alguns problemas (...) e tem que achar uma forma de fazer seu trabalho um pouco melhor".

A pressão da Casa Branca pela confirmação de Pompeo se apoia no desejo de Trump de enviá-lo já como secretário de Estado à reunião da Otan, que será celebrada na sexta-feira em Bruxelas, Bélgica.

Pompeo, diretor da Agência Central de Inteligência (CIA) desde o início do governo, tornou-se lentamente um dos mais frequentes interlocutores de Trump e se transformou em uma peça central na estratégia da Casa Branca sobre a Coreia do Norte.

- Negociação com Pyongyang -

Depois de aceitar um convite de Kim Jong Un para um encontro pessoal, Trump pôs em andamento um mecanismo reservado para abrir um canal direto de comunicação entre Washington e Pyongyang.

A estratégia incluiu uma viagem secreta à Coreia do Norte. A notícia sobre a reunião no fim de março entre o líder norte-coreano e o diretor da CIA sacudiu o mundo.

Talvez como consequência desta aproximação, no sábado passado o líder norte-coreano anunciou a suspensão dos testes nucleares e de mísseis intercontinentais, em uma iniciativa interpretada como um gesto de boa vontade para facilitar o futuro diálogo com Trump.

Neste cenário, o afundamento do processo de confirmação de Pompeo para chefiar o Departamento de Estado abriria uma enorme interrogação sobre o futuro destes contatos de alto nível com a Coreia do Norte.

No entanto, nesta segunda-feira o secretário americano da Defesa, general James Mattis, expressou sua convicção de que "há muitas razões para ser otimista" de que as negociações entre Washington e Pyongyang serão "frutíferas".

As declarações de Mattis acontecem poucos dias antes do encontro entre Kim e o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, na zona desmilitarizada que divide a península coreana.