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Karadzic nega que tenha planejado uma limpeza étnica nos Bálcãs

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O ex-líder político sérvio da Bósnia, Radovan Karadzic, pediu nesta segunda-feira à justiça internacional que revogue sua condenação por genocídio e outros crimes graves, negando veementemente o planejamento de uma limpeza étnica nos Bálcãs.

"É absolutamente impossível que qualquer coisa imputada a mim neste julgamento esteja correta", declarou Karadzic no primeiro dos dois dias de audiências em Haia.

"Minhas declarações foram distorcidas, meus direitos desrespeitados, os motivos dissimulados", acrescentou o sérvio de 72 anos.

Em março de 2016, o Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPII) o considerou culpado e o condenou a 40 anos de prisão por genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade durante o conflito na Bósnia.

Karadzic foi considerado responsável pelo massacre de 8.000 homens e meninos muçulmanos em julho de 1995, em Srebrenica, o pior massacre cometido na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Karadzic também foi condenado por perseguição, assassinatos, estupros e tratamento desumano ou deslocamentos forçados, sobretudo durante o sítio de Sarajevo, que durou 44 meses e no qual morreram umas dez mil pessoas, e por implantar campos de detenção onde as "condições de vida eram desumanas".

Em relação ao massacre de Srebrenica e ao cerco de Sarajevo, o ex-presidente da entidade sérvia do país, a Republika Srpska, mencionou a criação de "mitos".

Após a morte durante o julgamento do ex-presidente sérvio Slobodan Milosevic, agora ele passou a ser o principal responsável pela guerra, que deixou mais de 100 mil mortos e 2,2 milhões de deslocados entre 1992 e 1995.

Ainda considerado um "herói" por muitas pessoas, Karadzic apelou contra 50 pontos de sua condenação perante o Mecanismo das Nações Unidas para os Tribunais Penais Internacionais (MICT), que substituiu o TPIJ.

"Estamos aqui hoje para pedir para interromper a condenação de Radovan Karadzic e ordenar um novo julgamento", disse seu advogado, Peter Robinson, afirmando que o primeiro julgamento foi injusto.

"É um monstro", disse Munira Subasic, presidente da Associação das Mães de Srebrenica, que perdeu o marido e o filho de 16 anos e esteve presente na corte. "Karadzic não é humano nem animal porque não tem sentimentos", disse ela à AFP.

O ex-chefe militar dos sérvios da Bósnia, Ratko Mladic, mais conhecido como "Açougueiro dos Bálcãs", também foi condenado pelo TPII em novembro à prisão perpétua por genocídio, crimes contra a humanidade e de guerra.

Ele igualmente anunciou que apelará de sua sentença.

A guerra da Bósnia deixou mais de cem mil mortos e 2,2 milhões de deslocados entre 1992 e 1995.

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