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Presidente sul-coreano quer tratado de paz entre as duas Coreias

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O presidente sul-coreano Moon Jae-in defendeu nesta quinta-feira (19) a busca de um tratado de paz para acabar oficialmente com a Guerra da Coreia, a poucos dias de um encontro com o líder norte-coreano Kim Jong Un.

A guerra (1950-53) terminou com um armistício em vez de um tratado, de modo que as duas partes estão tecnicamente em guerra. A Zona Desmilitarizada que divide a península e onde vai acontecer a cúpula intercoreana em 27 de abril, está cheia de minas.

"O armistício que se arrasta há 65 anos deve chegar ao fim", declarou Moon a representantes de empresas de meios de comunicação.

"Devemos buscar a assinatura de um tratado de paz, uma vez declarado o fim da guerra".

No entanto, Moon condiciona um eventual tratado de paz ao abandono pelo Norte de seus programas nuclear e balístico.

"Se a cúpula intercoreana e a cúpula entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos levarem a uma desnuclearização, acredito que não vai ser muito difícil encontrar acordos práticos no sentido amplo de um regime de paz, de normalização das relações entre o Norte e os Estados Unidos ou uma ajuda internacional para melhorar a economia norte-coreana", apontou.

O encontro entre Kim e Moon será o ponto culminante de uma reaproximação diplomática na península iniciada com os Jogos Olímpicos de Inverno organizados na Coreia do Sul, e o prelúdio de uma cúpula histórica entre Kim e o presidente Donald Trump.

Trump alertou, no entanto, que anulará a reunião se considerar que não será proveitosa.

- Desnuclearização? -

"Se considerarmos que este encontro não será proveitoso, nós não iremos, e quando eu estiver lá, se não for frutífero, partirei respeitosamente", disse Trump na quarta-feira.

Saber se Pyongyang está disposto a desistir de seus programas atômicos é crucial para o presidente.

O Norte sempre alegou que precisa da arma atômica para se proteger de uma invasão dos Estados Unidos.

Mas tanto as autoridades sul-coreanas quanto as chinesas informaram que Kim se declarou pronto para a desnuclearização da península.

Trata-se, na realidade, de uma fórmula que estabelece a retirada das tropas americanas e o fim da proteção por meio do escudo nuclear ao seu aliado sul-coreano.

Washington insiste, por sua vez, na desnuclearização total da Coreia do Norte, de maneira verificável e irreversível.

"Por enquanto, a Coreia do Norte mostra à comunidade internacional uma disposição para a desnuclearização total", continuou Moon. Mas, ele alertou, "é muito cedo para garantir o sucesso do diálogo" que só pode acontecer "depois de uma cúpula bem sucedida entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte".

A agência oficial norte-coreana KCNA também anunciou que o Partido dos Trabalhadores, o partido único no poder, se reunirá em plenário na sexta-feira para tomar decisões importantes.

A agência não informou que tipo de decisão será tomada, limitando-se a explicar que o partido abordaria uma "nova etapa" em um "período histórico importante da revolução coreana em desenvolvimento".

Segundo os analistas, Pyongyang poderia nesta ocasião anunciar mudanças em sua política em relação aos Estados Unidos.

A Coreia do Norte "precisa de uma explicação lógica e uma justificativa para modificar as relações com seu 'inimigo americano' nas quais os norte-coreanos estão submersos há 70 anos", considera Kim Dong-yub, pesquisador do Instituto de Estudos do Extremo Oriente da Universidade de Kyungnam.

"Parece que estão dispostos a fazê-lo", assegura este especialista.

sh/slb/ev/pg/es/ra/mr