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Separatistas catalães perseguidos e divididos

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Cinco meses depois de sua tentativa unilateral de secessão, os dirigentes separatistas da Catalunha estão às voltas com a Justiça, presos ou em exílio voluntário, e sua região com a autonomia sob intervenção do Executivo espanhol de Mariano Rajoy.

Encarregado da instrução da tentativa de separação de outubro de 2017, o juiz do Tribunal Supremo Pablo Llarena acusou formalmente na sexta-feira 25 figuras separatistas.

Treze são acusados de rebelião, a imputação mais grave punível com até 30 anos de prisão. Outros cinco são perseguidos por desobediência e malversação de fundos e sete unicamente por desobediência.

- Na prisão -

Nove dos acusados, perseguidos por rebelião, estão presos perto de Madri, entre eles o ex-vice-presidente regional Oriol Junqueras e a ex-presidente do Parlamento catalão Carme Forcadell.

Os que não são acusados de rebelião seguem em liberdade, a maior parte sob controle judicial.

- Em trâmites de extradição -

O ex-presidente Carles Puigdemont, detido no domingo na Alemanha, deverá comparecer ante um tribunal que decidirá se tramita a ordem de prisão europeia emitida pela Espanha.

Três integrantes de seu governo que o acompanharam a Bruxelas depois da declaração de independência de 27 de outubro - Meritxell Serret, Toni Comín e Lluis Puig - continuam na Bélgica.

Os dois primeiros "estão à disposição da Justiça", declarou à AFP seu advogado belga, Michèle Hirsch.

Uma quarta, Clara Ponsatí, se mudou da Bélgica para a Escócia, onde trabalha como professora universitária. Nesta segunda-feira deveria se entregar às autoridades britânicas para que se pronunciem sobre uma eventual extradição.

- Em fuga -

Outros dois dirigentes separatistas abandonaram a Espanha recentemente, ignorando uma convocação da Justiça.

A número dois do partido independentista Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), Marta Rovira, anunciou na sexta-feira ter deixado a Espanha. De acordo com a imprensa espanhola, ela estaria na Suíça.

Na Suíça está desde o fim de fevereiro Anna Gabriel, antiga líder da Candidatura de Unidade Popular (CUP, extrema esquerda). Acusada somente de desobediência, é a única separatista no exterior sem ordem de prisão internacional.

- Divididos -

Depois das eleições regionais de 21 de dezembro, quando as três listas independentistas mantiveram a maioria absoluta do Parlamento - 70 das 135 cadeiras -, os separatistas não conseguiram acordar a eleição de um presidente que governasse a Catalunha.

Se nenhum presidente for empossado antes de 22 de maio, deverão organizar novas eleições em meados de julho, as terceiras em três anos.

- Os radicais da CUP -

Os anticapitalistas da CUP frustraram na quinta-feira a eleição do candidato dos outros dois partidos, Jordi Turull, agora preso, porque seu programa não era suficientemente radical em sua ruptura com Madri.

- Os guerrilheiros de Puigdemont -

O PDeCAT, partido histórico do nacionalismo catalão, está dividido entre a tentação de desafiar o Estado, como querem as pessoas mais próximas a Puigdemont, inscritos na candidatura "Juntos pela Catalunha", primeira em votos entre os separatistas, e a necessidade de formar um governo e diminuir a tensão.

- A cautela da ERC -

A Esquerda Republicana, golpeada pela Justiça com seu dirigente preso e seu número dois no exílio, quer evitar um novo confronto com o Estado para não agravar a situação dos detidos.

O presidente do Parlamento catalão, Roger Torrent, egresso deste partido, pedia calma no domingo à noite após violentas manifestações organizadas por grupos radicais próximos à CUP, deixando 92 feridos leves em Barcelona.