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Fortalecido pela reeleição, Xi cita "batalhas sangrentas" da China

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O presidente chinês pronunciou nesta terça-feira um discurso de tom nacionalista, dois dias depois de sua reeleição unânime pelo Parlamento, com referências às "batalhas sangrentas" que o país enfrentou, e disse que "apenas o socialismo pode salvar a China". 

Em um discurso solene de encerramento da sessão plenária anual da Assembleia Nacional Popular (ANP), Xi assegurou que o imenso desenvolvimento da China "não supõe uma ameaça" para ninguém, mas advertiu, em referência a Taiwan, que qualquer tentativa de separatismo "esta condenada ao fracasso". 

"O povo chinês tem sido indomável e tenaz, temos o espírito para lutar batalhas sangrentas contra nossos inimigos até o amargo final", declarou em um discurso para os 3.000 delegados da ANP, durante o qual recordou o papel do Partido Comunista, depois que o Parlamento o confirmou no cargo, com a possibilidade de permanecer à frente do país por muitos anos.

Na semana passada, a ANP aprovou uma emenda à Constituição e aboliu o limite de dois mandatos presidenciais - de cinco anos cada - na China.

Xi Jinping se tornou assim o presidente chinês com o maior poder em quase três décadas e poderá permanecer no comando do país além do período do atual mandato, que termina em 2023.

A emenda também introduziu na Constituição o "Pensamento Xi Jinping" e, em seu artigo primeiro, o "papel dirigente" do Partido Comunista Chinês (PCC).

"A história provou e seguirá provando que apenas o socialismo pode salvar a China", afirmou Xi, no momento em que o país se prepara para celebrar o 70º aniversário de sua fundação. 

"Apenas  desenvolvendo o socialismo com características chinesas vamos conseguir o grande renascimento da nação chinesa. O Partido Comunista é a direção política suprema do país e uma garantia fundamental para conquistar o grande rejuvenescimento da nação chinesa", completou.  

Xi voltou a advertir Taiwan, a ilha reivindicada por Pequim desde 1949, reafirmando que seu país jamais aceitará a divisão de seu território. 

"Os atos e manobras orientados a separar o país estão destinados ao fracasso", alertou, no momento em que os Estados Unidos acabam de adotar uma lei que autoriza altos funcionários americanos a viajar a Taiwan e vice-versa. 

"Não atuar emocionalmente" 

Em seu discurso, Xi Jinping também reservou palavras para os outros países e disse que desenvolvimento da China não é uma ameaça. 

"A China não sacrificará jamais os interesses de outros países para assegurar seu próprio desenvolvimento", garantiu Xi, líder da segunda maior economia do planeta, diante das ameaças protecionistas do presidente americano, Donald Trump. 

"Apenas quem tem o costume de ameaçar os outros considera os demais como uma ameaça", declarou, em referência aos países ocidentais, em particular os Estados Unidos.

"Ninguém deve interpretar mal ou deturpar as aspirações sinceras e os atos do povo chinês para contribuir com a paz e o desenvolvimento da humanidade". 

Neste sentido, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, pediu aos Estados Unidos que evitem atuar "emocionalmente" e que não recorram à guerra comercial, em um momento em que o presidente americano analisa novas medidas contra Pequim. 

"Esperamos que as duas partes possam manter a razão, não agir emocionalmente e evitar uma guerra comercial", disse Li em entrevista coletiva ao final da sessão anual do Parlamento. 

Li também se comprometeu a "proteger rigorosamente a propriedade intelectual" das empresas estrangeiras.