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Justiça italiana imobiliza barco de ONG espanhola que resgatava migrantes

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A Justiça italiana imobilizou no domingo à noite (18) o navio da ONG espanhola Proactiva Open Arms, a qual acusa de favorecer a imigração clandestina - informou a organização nesta segunda-feira (19).

O navio "Open Arms", que resgatou mais de 5.000 migrantes desde o ano passado, encontra-se agora no porto de Pozzallo, no sul da Sicília. No sábado, desembarcaram ali 216 migrantes resgatados na quinta-feira no litoral líbio.

A investigação aberta pela Procuradoria da Catânia (Sicília) contra a ONG, seu fundador, o chefe de missão e o capitão da embarcação foi lançada em consequência dessa operação de resgate.

Na quinta, a Guarda Costeira italiana apontou duas embarcações em perigo para a Proactiva Open Arms, que foi ao local e socorreu os imigrantes.

Depois, Roma avisou à ONG que a Guarda Costeira líbia assumiria o comando das operações, e esta enviou um barco para a zona situada a 73 milhas do litoral líbio.

Depois do alerta italiano, a organização espanhola se negou a entregar os migrantes aos líbios.

"Ainda é apenas uma hipótese de delito", explicou no Twitter o fundador da ONG, Oscar Camps.

"A tomada do barco é preventiva, mas somos acusados de associação criminosa e de fomentar a imigração ilegal por desobedecer os líbios ao não lhes entregar mulheres e crianças".

É frequente que a Guarda Costeira líbia intervenha antes da chegada de um barco enviado por sua homóloga italiana, mas, segundo a porta-voz da ONG, Laura Lanuza, era a primeira vez que Roma pedia a um barco humanitário para participar de uma operação coordenada por Trípoli.

Para os migrantes, a diferença é grande: quando as operações de resgate são coordenadas de Roma, os migrantes são levados para a Itália. Quando as tarefas são dirigidas de Trípoli, os migrantes retornam para a Líbia, onde muitos entram em um novo ciclo de violência.

Por isso, e apesar das ameaças da Guarda Costeira líbia, a ONG se negou a transferir para o barco líbio os migrantes que tinha acabado de resgatar e se dirigiu para o norte.

"Impedir o resgate de vidas em perigo em alto-mar com o fim de devolvê-las à força a um país inseguro — como é a Líbia —  (...) contraria o Estatuto dos Refugiados da ONU", tuitou Camps.