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Justiça italiana imobiliza barco de ONG espanhola que resgatava migrantes

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A justiça italiana imobilizou no domingo o barco da ONG espanhola Proactiva Open Arms, que acusa de favorecer a imigração clandestina, uma acusação que a organização nega.

"O que se está fazendo é bloquear a intervenção de organizações humanitárias no mar Mediterrâneo", assegurou nesta segunda-feira o fundador da organização espanhola, Oscar Camps, em uma coletiva de imprensa no porto de Barcelona.

"Cada vez há menos ONGs fazendo esse trabalho, e o objetivo é que não reste nenhuma", protestou.

O barco "Open Arms", que resgatou mais de 5.000 migrantes desde o ano passado, se encontra agora no porto de Pozzallo, no sul da Sicília, onde no sábado desembarcaram 216 migrantes resgatados na quinta-feira em frente às costas da Líbia.

A investigação foi aberta pela promotoria da Catânia (Sicília) contra a ONG, seu fundador, o chefe de missão e o capitão do barco após a operação de resgate. 

Na quinta-feira, a guarda costeira italiana apontou duas embarcações em apuros para a Proactiva Open Arms, que foi ao local e socorreu os migrantes. 

Roma avisou depois a ONG que a guarda costeira líbia assumiria o comando das operações, e esta enviou um barco à zona, situada a 73 milhas das costas da Líbia. 

Após o aviso italiano, a organização espanhola se negou a entregar os migrantes aos líbios. 

"Ainda é apenas uma hipótese de delito", disse no Twitter o fundador da ONG, Oscar Camps. 

"A tomada do barco é preventiva, mas somos acusados de associação criminosa e de fomentar a imigração ilegal por desobedecer aos líbios ao não lhes entregar mulheres e crianças".

A guarda costeira líbia intervém com frequência antes da chegada de um barco enviado por sua homóloga italiana, mas segundo Laura Lanuza, porta-voz da ONG, é a primeira vez que o governo da Itália pede a um barco humanitário para participar em uma operação coordenada pela Líbia.

A porta-voz da União Europeia, Natasha Bertaud, pediu nesta segunda-feira às partes que respeitem o código de conduta adotado pela Itália para tais intervenções.

Quando as operações de resgate são coordenadas de Roma, os migrantes são levados à Itália; quando são dirigidas a partir de Trípoli, os migrantes regressam à Líbia, onde muitos entram em um novo ciclo de violência. 

Por isso, e a apesar das ameaças da guarda costeira líbia, a ONG se negou a trasladar ao barco líbio os migrantes que tinha acabado de resgatar e se dirigiu para a Itália, onde as autoridades explicaram que aceitaram sua entrada, no sábado, "dadas as condições precárias dos migrantes a bordo".