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Forças pró-turcas consolidam controle sobre Afrin

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As forças pró-turcas se esforçavam nesta segunda-feira (19) para consolidar seu controle sobre a cidade de Afrin, abandonada por seus habitantes após dois meses de uma ofensiva militar que pode mudar o equilíbrio de forças no norte da Síria.

Deserta após o êxodo de dezenas de milhares de moradores, a grande cidade curda foi cenário no domingo (18) de saques por parte dos combatentes pró-turcos, em ações condenadas pelos líderes curdos e pela oposição síria.

Esta manhã, os mesmos crimes se repetiam em Afrin, de acordo com um correspondente da AFP e com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). "É um caos total", acrescentou a ONG, que dispõe de uma ampla rede de fontes na Síria.

As imagens de saques provocaram reações iradas, como a de Khaled Khoja, ex-chefe da Coalizão Nacional Síria, principal movimento de oposição no exílio, que disse não haver lugar para "saqueadores" entre os rebeldes.

No dia anterior, os combatentes rebeldes carregaram suas caminhonetes com caixas de comida, cabras, cobertores e até motocicletas dos moradores, antes de deixarem Afrin.

Enquanto isso, as forças turcas e seus aliados sírios realizaram operações de desminagem na cidade, tomada na véspera da milícia curda das Unidades de Proteção do Povo (YPG).

'Zona de influência' turca

A Turquia lançou em 20 de janeiro sua ofensiva contra o enclave de Afrin para expulsar as YPG de sua fronteira.

A violência levou ao exílio cerca de 250 mil civis, segundo o OSDH, que indicou que mais de 1.500 combatentes curdos e 400 rebeldes aliados da Turquia morreram nos combates.

O Exército turco informou, por sua vez, um saldo de 46 mortes entre suas fileiras.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ameaçou estender essa operação no norte da Síria para outros territórios curdos, incluindo Minbej, onde estão mobilizadas tropas dos Estados Unidos.

A conquista de Afrin supõe uma reviravolta em favor de Ancara, que consolida seu papel em um conflito do qual várias potências estrangeiras participam em diferentes frentes.

"É uma grande vitória para Erdogan", diz o especialista em Síria Fabrice Balanche, que confirmou que o país está estabelecendo "uma área de influência no norte" da Síria.

O governo turco sempre olhou com receio a autonomia relativa conquistada pelos curdos na Síria durante o conflito nesse país e considera as YPG como um grupo "terrorista". Essa milícia é uma aliada fundamental dos Estados Unidos na luta contra os extremistas islâmicos.

Assad visita Ghuta

A guerra síria, que acaba de entrar em seu oitavo ano, deixou mais de 350 mil mortos e milhões de refugiados e deslocados desde 2011.

Em outra frente, a de Ghuta Oriental, a última fortaleza rebelde nas proximidades da capital Damasco, o regime continua seu avanço, depois de reconquistar 80% dessa região por meio de uma ofensiva sangrenta.

Um mês após o início das operações, o presidente Bashar al-Assad foi a Ghuta no domingo para visitar suas tropas.

O objetivo dos rebeldes "era estrangular a cidade de Damasco e toda Síria, cortando estradas e comunicações entre as cidades", afirmou Assad.

"Mas o oxigênio e o sangue circulam novamente nas artérias vitais do país", disse ele.

Um dia depois de sua visita, o Exército sírio retomou os bombardeios contra Ghuta Oriental, onde pelo menos cinco civis foram mortos em ataques aéreos contra localidades rebeldes, de acordo com o OSDH.

Desde o início da ofensiva do regime em 18 de fevereiro, os bombardeios mataram mais de 1.400 civis, incluindo 281 crianças, segundo a mesma fonte.

Mais de 65 mil pessoas deixaram os territórios rebeldes nos últimos dias para fugir das bombas.