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Rússia elege novo presidente com Putin favorito

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Os russos votam neste domingo (18) em uma eleição presidencial em que Vladimir Putin se encaminha para um quarto mandato em um clima de grande tensão com o Ocidente desde o envenenamento de um ex-agente duplo russo no Reino Unido.

A expulsão recíproca de diplomatas russos e britânicos reforçou no final da campanha eleitoral o clima de Guerra Fria, presente em todo o último mandato de Putin, que, se vencer, como esperado, permanecerá à frente do país até 2024. De acordo com as últimas pesquisas, Putin tem 70% das intenções de voto. 

Mais de 107 milhões de eleitores foram convocados às urnas no maior país do mundo e com 11 fusos horários. A votação começou às 8h locais (17h de sábado no horário de Brasília) no ponto mais oriental do país; e às 6h GMT (3h de Brasília) deste domingo a votação foi iniciada em Moscou. O encerramento está previsto para as 18h GMT (13h de Brasília) deste domingo com o fechamento das urnas em Kaliningrado.

>> Cinco elementos de uma campanha eleitoral russa sem suspense

Putin, de 65 anos, dos quais 18 no poder, é elogiado por ter restabelecido a estabilidade no país após a caótica década de 1990, embora, de acordo com seus detratores, em detrimento das liberdades individuais.

Depois de votar em Moscou, Putin assegurou que ficará satisfeito com qualquer resultado que lhe permitir "exercer a função de presidente". 

"Você lembra o estado de desolação do país depois de Yeltsin? Ninguém nos respeitava. E agora?", declarou à AFP Lilia Kartashova, uma eleitora de São Petersburgo de 70 anos.

Putin "faz tudo corretamente na política externa, mas na economia tudo está indo mal", opinou outra eleitora, Antonina Kurshatova.

"Putin não tem programa. Nada muda e quanto mais avançamos, pior fica", afirmou por sua vez Sergey Yakovlev, simpatizante do candidato comunista Pavel Grudinin.

Este último é apontado com 7% da intenções de voto, de acordo com o instituto VTSIOM, enquanto o terceiro na disputa, o ultranacionalista Vladimir Zhirinovski, cerca de 5%. Os outros cinco candidatos não devem superar a margem de 1%, de acordo com a mesma fonte.

Cupons de desconto

O grande ausente na eleição é o principal opositor ao Kremlin, Alexei Navalni, o único que consegue mobilizar dezenas de milhares de pessoas, mas que foi impedido de participar da eleição em razão de uma condenação judicial, que ele aponta como tendo sido arquitetada pelo governo.

Navalni pediu um boicote à votação e enviou mais de 33 mil observadores para as assembleias de voto. Na manhã deste domingo, o opositor publicou imagens mostrando, segundo ele, o preenchimento de uma urna com cédulas em um colégio eleitoral no extremo oriente russo. Seus partidários denunciaram obstáculos para operar como observadores.

O Kremlin se mobilizou principalmente pela participação, um verdadeiro barômetro da eleição, incitando o voto e permitindo a votação de eleitores em outros colégios.

De acordo com militantes da oposição, a polícia transportou eleitores de ônibus para as assembleias de voto e cupons de desconto foram distribuídos.

Às 7h GMT (4h de Brasília), a participação global superava 16,55%, de acordo com a Comissão Eleitoral - superior à registrada em eleições anteriores no mesmo horário. De acordo com os primeiros números da agência pública TASS, em várias regiões do extremo oriente russo já superava os 60% e até 70%.

Tensão

A última semana da campanha foi marcada por um novo pico de tensão entre Moscou e o Ocidente devido ao envenenamento na Inglaterra do ex-agente duplo Serguei Skripal e sua filha. Moscou anunciou no sábado a expulsão de 23 diplomatas britânicos em represália a uma medida similar adotada por Londres.

A eleição é celebrada simbolicamente quatro anos após a ratificação da anexação da península da Crimeia pela Rússia, decidida após um referendo considerado ilegal por Kiev e por potências ocidentais.

Kiev bloqueou o voto dos eleitores russos estabelecidos na Ucrânia. Dezenas de policiais e militantes nacionalistas bloqueavam o acesso aos consulados russos em várias cidades neste domingo.

* Da agência AFP