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Oposição e ONG denunciam irregularidades em eleição na Rússia

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A oposição russa e uma ONG denunciaram milhares de irregularidades na eleição presidencial deste domingo (18) na Rússia, visando principalmente aumentar a participação na votação que deve dar um quarto mandato ao presidente Vladimir Putin.

A ONG Golos, especializada em monitoramento de eleições e que elabora um mapa das fraude em seu site, informava às 12h45 GMT (9h45 de Brasília) 2.033 irregularidades, como casos de votos múltiplos ou obstáculos ao trabalho dos observadores.

Golos aponta particularmente informações sobre empregadores ou universidades obrigando os funcionários e estudantes a votar não em seu local de residência, mas em seu local de trabalho ou estudo, "onde se pode controlar seu voto".

O movimento do principal opositor ao Kremlin, Alexei Navalny, que afirma ter enviado mais de 33 mil observadores aos colégios eleitorais, também relatou centenas de casos de fraudes, especialmente em Moscou e sua região, em São Petersburgo e Bashkortostan, nos Urais.

Navalny postou em sua conta no Twitter um vídeo que ele apresentou como mostrando uma urna sendo enchida de cédulas em um colégio eleitoral no Extremo Oriente do país, uma situação sobre a qual a Comissão Eleitoral prometeu investigar.

Seus partidários enviados como observadores também denunciaram obstáculos ao seu trabalho.

Navalny foi impedido de concorrer à presidência depois de ser declarado inelegível pela Comissão Eleitoral por causa de uma condenação judicial por desvio de fundos, que ele denuncia como orquestrada pelas autoridades.

Contando com uma base leal de partidários em todo o país, o opositor pediu um boicote à eleição.

Devido à falta de suspense e às chamadas de boicote, o Kremlin fez tudo para garantir que a participação, o único barômetro real dessa eleição, fosse tão alta quanto possível neste domingo.

Para garantir a participação em Iakutsk, no extremo oriente russo, "prometeram aos eleitores galinhas" em troca do voto, relatou Ivan Jdanov, jurista da equipe de Navalny.

Cupons de desconto para produtos alimentares, "medalhas" ou ingressos para shows também foram distribuídos aos eleitores, segundo testemunhas nas redes sociais.

Mas, além desses incentivos, irregularidades e violações têm sido observadas.

Muitos ônibus foram fretados, inclusive pelas autoridades, para levar eleitores aos locais de voto em várias partes do país, segundo os observadores enviados por Alexei Navalny e Golos.

"Em algumas áreas, os observadores apontam uma taxa de participação 10% menor" do que a fornecida pela Comissão Eleitoral local, indicou à AFP Zhdanov.

Em uma mesa de voto em Grozny, na Chechênia, "os números oficiais da Comissão Eleitoral são três vezes superiores aos dos observadores independentes", também informou a ONG Golos.

Os observadores denunciaram obstáculos ao seu trabalho, particularmente na Chechênia, onde foram "fisicamente ameaçados" pelos membros da assembleia de voto, informou a ONG OVD-Info.

Outros observadores tiveram o acesso negado aos locais de voto, como em Ufa, Kemerovo (Sibéria) e Krasnodar (sul), de acordo com Ivan Zhdanov.