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Rússia furiosa por acusações britânicas contra Putin por caso de ex-espião

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A Rússia mostrou sua indignação nesta sexta-feira ante as acusações de Londres de que o presidente Vladimir Putin teria ordenado o envenenamento de um ex-espião russo em solo britânico, e assegurou que se prepara para expulsar diplomatas desse país de uma hora para outra.

Londres irritou o Kremlin ao considerar provável que Putin ordenou o envenenamento do ex-espião russo Serguei Skripal, acentuando o confronto entre Moscou e os países ocidentais.

Este caso acontece a dois dias em que Vladimir Putin se prepara para conquistar um quarto mandato nas eleições presidenciais de domingo, o que poderá mantê-lo como chefe de Estado até 2024.

O ministro das Relações Exteriores britânico, Boris Johnson, assegurou que Londres culpava o "Kremlin de Putin" e não a Rússia pelo envenenamento do ex-agente russo Serguei Skripal e sua filha Yulia em 4 de março em Salisbury, cidade do sul da Inglaterra.

"Pensamos que é muito provável que se trate de sua decisão ordenar o uso e um agente neurotóxico nas ruas do Reino Unido, nas ruas das Europa, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial", assegurou Johnson, ao lado de seu colega polonês Jacek Czaputowicz.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, respondeu de imediato: "Qualquer menção ou referência a nosso presidente nada mais é do que escandalosa e imperdoável em termos de etiqueta diplomática".

O tom não para de subir entre Moscou e Londres, apoiado por seus principais aliados ocidentais, desde que Skripal, de 66 anos, e sua filha, 33 anos, foram vítimas de um ataque com agente neurotóxico de fabricação russa, segundo as autoridades britânicas. Eles seguem hospitalizados em estado crítico.

Na quarta-feira, a primeira-ministra britânica Theresa May anunciou a expulsão de 23 diplomatas russos, uma medida inédita desde a Guerra Fria, e o conglemaneto dos contatos bilaterais.

Em resposta, a Rússia expulsará diplomatas britânicos seguindo o princípio de igualdade. "Certamente, vamos fazer", declarou o chanceler Serguei Lavrov.

A resposta será "muito pensada e totalmente de acordo com os interesses de nosso país", afirmou por sua vez à imprensa Dmitri Peskov.

Segundi Peskov, a intensidade da resposta russa será decidida por Putin.

Londres, Berlim, Paris e Washington publicaram um comunicado conjunto no qual afirmam que a única explicação "plausível" para o envenenamento em 4 de março é a responsabilidade de Moscou.

Silêncio de Putin

A Rússia alega inocência e nega categoricamente a existência do programa de armas químicas "Novichok", o agente neurotóxico que as autoridades britânicas identificaram neste caso de envenenamento.

A existência deste agente foi revelada por um químico russo atualmente refugiado nos Estados Unidos, Vil Mirzaïanov.

"Cedo ou tarde a Grã-Bretanha terá que fornecer provas conclusivas (...) Por enquanto, não vimos nenhuma", declarou Peskov.

Neste contexto, a polícia britânica anunciou a abertura de uma investigação por assassinato sobre a morte do exilado russo Nikolaï Gluchkov, cujo corpo foi encontrado na segunda-feira em sua residência em Londres.

"Uma investigação por assassinato foi lançada após os resultados da necrópsia", anunciou a Scotland Yard em um comunicado, indicando que a polícia antiterrorista vai liderar a investigação.

Nesta fase, ela indicou que não pode estabelecer uma relação do caso com o envenenamento do ex-espião russo Serguei Skripal.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, reiterou nesta sexta-feiras eu apoio a Londres em sua escalada com Moscou, mas avisou que é preciso evitar isolar a Rússia e entrar em uma nova Guerra Fria.

"Não queremos uma nova Guerra Fria, não queremos uma corrida armamentista: a Rússia é nosso vizinho, de modo que temos de continuar trabalhando para melhorar as relações", disse à rádio BBC o responsável pela Organização do Tratado do Atlântico Norte.

"Isolar a Rússia não é uma opção. A Rússia é nosso vizinho", insistiu Stoltenberg.

Por sua vez, Vladimir Putin tem mantido o silêncio.

"Há eleitores para os quais o lema 'morte aos traidores' faz sentido", especialmente entre o eleitorado de Putin, explicou o especialista Alexander Baunov, do centro Carnegie em Moscou, estimando que isso o faria "ganhar pontos dentro do eleitorado de inspiração estalinista".

A Ucrânia, que perdeu a península de Crimeia, anexada em 2014 por Moscou, também anunciou nesta sexta que proibiria os eleitores russos de entrar nos consulados de seu país para a votação de domingo.