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Países bálticos pedem que EUA não subestimem ameaça russa

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Os ministros das Relações Exteriores dos países bálticos, três países-membros da Otan, pediram a Washington e aos líderes ocidentais que levem a sério as ameaças russas "sem precedentes desde os anos 1930 e 1940".

Na segunda-feira (5), os chanceleres de Estônia, Letônia e Lituânia agradeceram ao governo Donald Trump por seu apoio à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em uma cidade particularmente consciente da interferência russa.

Depois de sua reunião com o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, Sven Mikser (Estônia), Edgars Rinkevics (Letônia) e Linas Linkevicius (Lituânia) expressaram à AFP seus temores de uma ameaça russa "híbrida" que inclui ataques cibernéticos e intimidação militar, entre outros.

"Acredito que temos visto nos últimos três, ou quatro anos, que as nações democráticas estão sendo alvo de ataques", disse Rinkevics.

"A própria base de nossas instituições democráticas é alvo de ataques nas redes sociais, através de informações falsas", continuou ele.

"É importante que permaneçamos solidários", acrescentou, denunciando ao mesmo tempo "a influência do dinheiro".

Os presidentes desses países bálticos viajarão para Washington no início de abril para reiterar essa mensagem, na esperança de que alcance o presidente Donald Trump e de que seja ouvida por Moscou.

Edgars Rinkevics descreveu a ameaça como "sem precedentes" desde os anos 1930 e 1940, quando as jovens repúblicas bálticas caíram sob o controle da Alemanha nazista e da União Soviética.

Desde a queda da União Soviética, os três países se aproximaram do Ocidente, da Otan e da União Europeia.

Mas o presidente russo, Vladimir Putin, vê esses três países vizinhos como parte de sua área de influência. Para os países bálticos, suas declarações ruidosas sobre o colapso da URSS ("a maior catástrofe geopolítica do século XX") e a anexação da Crimeia os tornam uma ameaça real que gera preocupação.

No ano passado, a Otan instalou quatro batalhões multinacionais na Polônia e nos países bálticos, como medida de prevenção contra possíveis pretensões russas. O Exército dos Estados Unidos enviou para a Lituânia uma bateria de defesa antimíssil Patriot para exercícios.

Os três governos bálticos reclamam há tempos da "guerra híbrida" lançada por Moscou, que utiliza conjuntamente meios como intimidação militar, manipulação política e financeira, ataques cibernéticos em redes virtuais e técnicas de propaganda agressiva.

Advertiram, porém, que seria perigoso se concentrar apenas em um desses aspectos no momento em que o ciberespaço, a economia globalizada e o mercado de mídia estão-se fundindo.

"A segurança de hoje é cada vez mais invisível", disse Sven Mikser.

"Não existe uma divisão clara entre a segurança interna e a externa. Mesmo em termos de geografia, a segurança está globalizando", acrescentou.

Já o ministro da Lituânia destacou com preocupação o discurso belicoso de Vladimir Putin na semana passada, em que o presidente russo elogiou os novos mísseis russos "invencíveis".

"Este tipo de diálogo é inaplicável, é poder militar, não é diálogo", argumentou.

Os três ministros concordam que, dada a demonstração de força de Moscou, ficariam aliviados de ver as tropas de seus aliados americanos, franceses e britânicos estacionadas de forma mais permanente nos países bálticos.