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Ex-aliada de Berlusconi, ministra nega apoio à direita

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A ministra da Saúde da Itália, Beatrice Lorenzin, afirmou nesta segunda-feira (19) que não apoiaria um eventual governo da aliança de direita, que lidera as pesquisas para as eleições legislativas de 4 de março.

A candidata da coalizão de centro Cívica Popular participou da série de entrevistas em vídeo da agência ANSA com os líderes dos principais partidos e alianças do país, realizadas na sede italiana do Facebook.

Lorenzin concorre ao lado do Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, mas já pertenceu ao partido de Silvio Berlusconi, o conservador Força Itália (FI), que se aliou aos ultranacionalistas Liga Norte e Irmãos da Itália para as eleições.

"Eu fiz uma escolha muito clara cinco anos atrás, quando deixei o FI, onde militava desde jovem, porque [o partido] não era mais o mesmo", disse a ministra da Saúde à ANSA. A dissidência ocorreu em 2013, porque Berlusconi queria derrubar o então premier Enrico Letta, do PD.

Assim como outros ministros, Lorenzin decidiu permanecer no governo e ajudou a fundar outro partido, o Nova Centro-Direita (NCD), que viria a se chamar Alternativa Popular (AP), em 2017, para passar a ser visto mais como uma legenda centrista.

"A escolha de derrubar o governo Letta garantiria instabilidade ao país. Tínhamos razão", acrescentou Lorenzin, ressaltando que "não pode existir governabilidade com a Liga Norte". "Uma campanha eleitoral feita com o estômago e com raiva, e não feita com amor, cria problemas", afirmou.

O principal objetivo da ministra é fazer a Cívica Popular ultrapassar a cláusula de barreira de 3% para entrar no Parlamento, número que pode ser determinante para a formação de um novo governo após as eleições, que se desenham bastante acirradas. "Essa barreira está ao alcance da Cívica Popular se os cidadãos italianos escolherem uma força política autônoma, livre, que não tenha poderes por trás, dinheiro, patrocinadores ou editores", declarou.

Aos 46 anos, Lorenzin bancou a aprovação do projeto que obriga a vacinação de crianças em idade escolar, o que a tornou alvo de protestos de movimentos antivacinas, e incentivou campanhas para promover a fertilidade em um país com população em queda - algumas dessas ações foram acusadas de sexismo e racismo por jogar a responsabilidade de ter um filho sobre a mulher ou associar negros ao consumo de drogas.

Lorenzin também foi contra o projeto que autoriza a união civil entre homossexuais, alegando que a lei poderia abrir caminho para as "barrigas de aluguel", prática que ela considera uma "ultraprostituição".