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"Não sou racista", afirma Trump, após declarações sobre Haiti e nações africanas

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, negou, no domingo (14) ser racista, apesar das notícias sobre seus comentários depreciativos contra imigrantes do Haiti e da África. O líder norte-americano acrescentou que estava "pronto, disposto e capaz" de alcançar um acordo para proteger os imigrantes que chegaram aos Estados Unidos Estados enquanto crianças.

"Não. Não sou racista. Sou a pessoa menos racista que você vai entrevistar um dia", disse Trump a um repórter norte-americano.  

Em uma reunião na semana passada com membros do Congresso sobre os debates para uma nova lei migratória, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, usou palavras de baixo calão para se referir aos imigrantes haitianos, salvadorenhos e africanos que chegam ao país.

"Por que todas essas pessoas desses buracos de merda vêm parar aqui?", teria dito aos democratas e republicanos. As declarações de Trump foram divulgadas na quinta-feira pelo jornal The Washington Post e confirmadas depois pelo Los Angeles Times

O comentário referia-se ao debate sobre a chegada massiva de estrangeiros do Haiti, de El Salvador e de nações africanas. Ele ainda afirmou que os EUA estariam melhores se atraíssem pessoas como os "noruegueses".

"Por que nós precisamos de mais haitianos? Mantenham eles longe", teria acrescentado ainda o presidente, deixando os congressistas sem palavras.

Posteriormente Trump negou, no Twitter, ter usado a expressão "países de merda", apesar de ter admitido ter usado uma linguagem "dura”. "A linguagem usada por mim no encontro do Daca foi dura, mas não foi aquela linguagem que usei. O que foi realmente duro foi a proposta extravagante feita - um grande passo atrás para o Daca", escreveu o presidente.

O senador democrata Dick Durbin, no entanto, afirmou que o presidente usou linguagem "vil e racista" no encontro.

Repercussão

O porta-voz das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Rupert Colville, afirmou que as palavras de Trump eram "vergonhosas e chocantes" e que tais comentários poderiam causar xenofobia por parte da população norte-americana contra os imigrantes.

"Não se pode se referir a países inteiros como 'buracos de merda'. Isso pode danificar e destruir a vida de muitas pessoas [porque] legitima que elas sejam atingidas com base nos países de onde vem. Elas vão contra os valores universais que o mundo duramente perseguiu depois da Segunda Guerra Mundial e o Holocausto", acrescentou Colville.

Já a porta-voz da União Africana, Ebba Kalon, afirmou que a fala de Trump a deixou "francamente assustada". "Dada a realidade histórica de como muitos africanos chegaram nos Estados Unidos, como escravos, essa declaração vai contra qualquer comportamento e prática aceitáveis. E é particularmente surpreendente, já que os EUA são um exemplo global de como a migração fez nascer uma nação construída sobre fortes valores de diversidade e oportunidade", ressaltou Kalon.

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