Desde o Brexit, milhares de europeus já deixaram a Grã-.Bretanha ou decidiram não retornar, causando uma queda significante na migração para o país, alerta reportagem do The New York Times. A migração em um ano (até junho) caiu 106 mil, cerca de um terço, a maior queda de todos os períodos de 12 meses pesquisados desde 1964". Neste cenário, hospitais lutam para contratar médicos e enfermeiros; universidades britânicas falham em atrair acadêmicos e estudantes estrangeiros, entre dificuldades enfrentadas em outros setores.
O setor de construção alerta que a infraestrutura britânica enfrentará "contratempos severos" se a Grã-Bretanha não conseguir treinar um número de trabalhadores suficiente para conter o déficit causado pela saída de trabalhadores de países da União Europeia. Cerca de metade dos trabalhadores deste setor em Londres e no Sudeste são estrangeiros.
"O 'Brexodus', como tem sido chamado, é sentido de forma particularmente acentuada na agricultura, que depende muito de trabalhadores manuais, especialmente de países europeus pobres como Romênia e Bulgária. Enquanto a Europa vive um boom de trabalhadores 'descartáveis' que são enviados para todos os cantos do continente, muitos parecem estar deixando o Reino Unido", diz a reportagem de Kimiko de Freytas-Tamura.
A publicação frisa que a campanha pelo Brexit teve o apoio de grupos de direita e nacionalistas, e que o resultado levantou temores sobre o aumento da vulnerabilidade de minorias sociais e imigrantes a crimes de ódios, que atingiram níveis recordes neste ano.
O chamado "Brexodus" ainda foi agravado por uma queda no valor da libra contra o euro. Para os migrantes da Bulgária e da Romênia, a moeda mais fraca tornou a viagem para o Reino Unido menos interessante, já que há empregos similares mais próximos de casa, como na Alemanha e na Holanda.
Os trabalhadores que agora vão para a Grã-Bretanha tendem a ser mais velhos e menos qualificados, de acordo com os agricultores, que dizem que contratar trabalhadores britânicos é quase impossível.
A escassez de mão de obra, aponta a reportagem do NYT, ainda deve piorar no ano que vem, se as incertezas em torno de negociações com membros de União Europeia continuarem e nenhuma ação governamental for tomada para preencher o vácuo.
Confira a reportagem na íntegra:
:: Exodus of Foreign Workers Leaves British Employers in the Lurch