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'Estamos perdendo a batalha do clima', diz Macron

Presidente da França organizou cúpula ambiental em Paris

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A comunidade internacional se reuniu nesta terça-feira (12) em Paris, capital da França, para avançar nas conquistas obtidas pelo histórico acordo assinado há exatos dois anos e mostrar que a luta contra as mudanças climáticas não depende de Donald Trump.

Convocada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, que tenta se apresentar como um paladino do clima, em contraponto com seu colega norte-americano, a cúpula "One Planet" ("Um planeta", em tradução livre) foi marcada por críticas ao magnata republicano e por algumas ações concretas contra o aquecimento global.

O evento reuniu chefes de Estado e de governo, políticos, empresas, ONGs e artistas do porte de Leonardo DiCaprio e Marion Cotillard na ilha de Boulogne-Billancourt, em pleno rio Sena. "Para salvar o clima, cada ator da sociedade deve se empenhar todos os dias. Hoje jogamos uma nova etapa de nossa luta coletiva, e não podemos errar, estamos perdendo a batalha", disse Macron.

O "One Planet", apelidado de "mini-COP21", terminou com o anúncio de 12 projetos avaliados em centenas de milhões de dólares para enfrentar o aquecimento da Terra. A lista de iniciativas inclui a criação de um fundo para países do Caribe atingidos por furacões e um programa de desenvolvimento de carros elétricos em oito estados norte-americanos.

Além disso, o Banco Mundial anunciou que, a partir de 2019, não financiará mais a exploração e a extração de petróleo e gás. O objetivo dessas medidas é garantir o cumprimento das metas do Acordo de Paris, assinado em 12 de dezembro de 2015 e que obriga os países signatários a manterem a temperatura média do planeta "bem abaixo" de 2ºC em relação aos níveis pré-industriais.

Apenas Síria e Nicarágua não haviam firmado o tratado, mas os dois países já anunciaram sua adesão. Por outro lado, o presidente Trump decidiu retirar os Estados Unidos do acordo, o que compromete seriamente seus objetivos, já que a nação é a segunda maior emissora de dióxido de carbono no mundo, atrás da China.

Por questões burocráticas, a retirada só deve ser concretizada no fim de 2020, mas nada indica que o magnata vá atuar para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. "O mundo seguirá adiante, mesmo sem os Estados Unidos, e eles arriscam perder uma oportunidade para sua economia e seu ambiente", afirmou o ministro do Meio Ambiente da Itália, Gian Luca Galletti, um dos participantes do "One Planet".

Já o ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger, republicano como Trump, afirmou que os EUA podem continuar contribuindo, apesar de seu presidente. "Donald Trump excluiu Donald Trump do Acordo de Paris, mas não os Estados Unidos", disse.

Por outro lado, com ou sem os EUA, as dúvidas em torno do cumprimento das metas do tratado continuam pairando sobre a comunidade internacional. "Esses compromissos são passos positivos no caminho certo, mas são insuficientes para satisfazer os objetivos do Acordo de Paris. Sabemos pelo relatório da ONU sobre as emissões em 2017 que não estamos no rumo certo", afirma um comunicado da Climate Action Network (CAN), rede que reúne 1,2 mil ONGs ambientais do mundo todo.