ASSINE
search button

Decisão de Trump sobre Jerusalém gera tensão no Oriente Médio

Compartilhar

Após os rumores de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciará nesta semana a mudança da Embaixada do país em Israel para Jerusalém, os governos do Oriente Médio fizeram uma série de alertas sobre os riscos da medida para o processo de paz na região.

O ministro jordaniano de Negócios Estrangeiros, Ayman Safadi, afirmou que a medida pode trazer "violência" para a região.

"Falei com o secretário de Estado dos EUA sobre as consequências perigosas de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel. Tal decisão gerará fúria nos mundos árabe e muçulmano, vai alimentar tensões e por em risco os esforços de paz", disse Safadi sobre sua conversa com Rex Tillerson.

Durante o fim de semana, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, telefonou para vários líderes mundiais, incluindo os presidentes da França, Emmanuel Macron, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, para alertar sobre os riscos da decisão norte-americana.

Segundo o líder da ANP, o reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israel pode destruir os recentes esforços da Casa Branca para toda a região. "Construir uma ameaça para o futuro do processo de paz é inaceitável", diz ainda o presidente palestino.

Abbas também conversou com o líder da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, que aumentou o coro do líder palestino. "Nós afirmamos com firmeza que essa é uma decisão sem justificativa, que não servirá à paz ou à estabilidade na região. Ela só vai alimentar o extremismo e a violência", disse Gheit ressaltando que a medida favoreceria apenas ao governo israelente, que "é hostil à paz".

Por sua vez, o governo norte-americano não se manifestou de forma oficial. Apenas o genro do presidente, Jared Kushner, que é conselheiro de Washington para o Oriente Médio, falou sobre o tema ao ser questionado pelos jornalistas.

"Ele está ainda avaliando os fatos. Quanod ele tomar uma decisão, ele mesmo a tornará pública", disse Kushner.

A área de Jerusalém oriental é considerada pela comunidade internacional como uma "ocupação" do governo de Tel Aviv desde a anexação do território, em 1967.

Desde então, os norte-americanos mantinham uma posição considerada "neutra", que não criticava publicamente Israel, mas também não reconhecia a cidade como "capital indivisível" do país, deixando para que os dois discutissem a situação.

No entanto, durante sua campanha presidencial, Trump sempre se mostrou pró-Israel nessa questão e prometeu que transferiria a Embaixada de Tel Aviv para Jerusalém, o que daria o reconhecimento para os israelenses.

No início do mandato, muito foi falado sobre o tema, mas Trump optou por deixar a sede diplomática em seu atual lugar e decidir sobre isso mais tarde.

Durante o fim de semana, no entanto, rumores apontam que o republicano irá anunciar a transferência até a próxima quinta-feira (7).

Se isso for concretizado, o grupo palestino Hamas já ameaçou fazer uma "nova intifada" contra os israelenses. A última vez que os extremistas realizaram a ação, em 2000, mais de três mil palestinos morreram - bem como mais de mil israelenses perderam a vida.