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Madri aperta cerco contra referendo catalão e prende 14 pessoas

Lideranças políticas da Catalunha foram detidas hoje

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 Em mais uma tentativa de impedir o referendo de independência convocado para 1 de outubro na Catalunha, a polícia espanhola deflagrou nesta quarta-feira (20) uma operação e prendeu 14 pessoas, a maioria ocupantes de cargos de alto escalão do governo catalão. 

Agentes da Guarda Civil percorreram escritórios do governo catalão, entre eles a Secretaria de Economia, dirigida pelo vice-presidente Oriol Junqueras. 

"O governo espanhol faz coisas que não vemos em democracias ocidentais há décadas", criticou Junqueras. "Estão atacando as instituições deste país e os seus cidadãos. Não permitiremos isso", disse. 

Seus colaboradores, como Josep Maria Jové e Lluis Salvadò, também foram presos. Outros departamentos, como o de Relações Exteriores, Trabalho e Assuntos Sociais estão entre os vasculhados pela polícia, que buscava indícios ou provas de irregularidades na convocação do referendo. A operação policial foi ordenada por um juiz de Barcelona. 

A consulta popular de 1 de outubro está suspensa por ordem judicial por suposto crime de malversação. Já o porta-voz do governo catalão acusou Madri de promover um "estado de sítio" e garantiu que o referendo ocorrerá. "A cada hora que passa, temos mais motivos para fazer essa consulta popular", disse. 

A operação policial revoltou os moradores da Catalunha, que saíram às ruas para se manifestarem. O presidente da região, Carles Puigdemont, convocou uma reunião de urgência para analisar a situação e acusou Madri de um "gesto totalitário". "O governo espanhol ultrapassou a linha vermelha", criticou. 

Os dirigentes da Catalunha marcaram, no início de setembro, um referendo de independência da região, que imediatamente foi suspenso pela Corte Constitucional da Espanha, a pedido do governo de Mariano Rajoy e sob acusação de não cumprir a ordem jurídica. 

Madri sempre se opôs à separação da Catalunha e prometeu fazer "todo o necessário" para evitar a consulta popular. O Ministério do Interior decidiu até anular, a partir desta quarta-feira, as férias e folgas previstas para agentes da polícia nacional e da Guarda Civil, temendo que a tensão na Catalunha se eleve. A medida vai vigorar até 5 de outubro, mas pode ser prorrogada.