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'El País': Fascismo renovado ganha força na Itália

Jornal afirma que Partido CasaPound, renova discurso de extrema direita

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Matéria publicada nesta quarta-feira (20) pelo jornal espanhol El País fala sobre a força do Partido CasaPound, que renova discurso de extrema direita na Itália. 

Segundo a reportagem o edifício ocupado desde 2003, tem oito andares e o nome do movimento na fachada. No primeiro andar sempre há alguém de guarda controlando a câmera que aponta para a rua Esquilino, em um dos bairros com mais imigrantes em Roma. Cerca de 20 famílias sem recursos vivem em seus apartamentos. Há caixas de comida armazenadas para quem estiver passando necessidade. Apenas para italianos. No interior, há pôsteres do filósofo Julios Evola ou do ditador Benito Mussolini. Adesivos da JONS, Amanhecer Dourado e Casa Social. 

El País afirma que a chama do fascismo do terceiro milênio se acende, e o CasaPound cresce cada vez que a Itália vai às urnas. Crise econômica, queda demográfica e chegada maciça de imigrantes. A poucos meses das eleições, a legenda tenta chegar aos 3% necessários para entrar no Parlamento e condicionar as políticas de centro-direita.

De acordo com o diário, o movimento que virou partido político em 2009, baseia seu programa no direito à moradia (daí a tartaruga do seu logotipo e a ocupação sistemática de habitações vazias), o trabalho para todos os cidadãos e o rechaço à imigração e suas derivadas. 

El País observa que o CasaPound, com 99 sedes e 11 vereadores nos poderes municipais, constrói sua atualização do fascismo em cima das ruínas de uma classe média-baixa empobrecida: o mercado eleitoral mais rentável hoje em dia. Diferente de outros artefatos da extrema direita, como Forza Nuova ou Roma ai Romani, evita a moral católica e a homofobia. 

Para o noticiário, uma flexibilidade que contribui para a sedução juvenil que lhe permitiu triplicar seus militantes (20.000) em 2017 e ter uma média de idade baixa. É o movimento europeu deste tipo que mais cresce.

El País alerta que este renascimento fascista, no momento, faz parte do ruído do contexto político. Mas acompanha com sucesso iniciativas da direita como o veto à lei IUS Soli, que daria cidadania aos filhos de imigrantes nascidos no país. Sobrevivem junto ao CasaPound - com relações tensas entre eles - outras formações radicais e alguns resíduos da Alianza Nacional, como o ex-ministro de Saúde de Berlusconi, Francesco Storace, com seu Movimento Nacional pela Soberania.

O cientista político e professor da LUISS, Giovanni Orsina, afirma que o fascismo nunca foi embora da Itália, mas o atual terreno fomentou o seu auge. "A identidade nacional e racial voltam a ser importantes. Há uma crise demográfica europeia que, na Itália, é particularmente grave. Temos empregadores que dizem que os italianos vão embora porque aqui não tem trabalho. Os imigrantes chegam durante meses, 200.000 por ano. São publicadas todo tipo de crônicas sobre violações, insegurança... e o mais importante: não podemos esquecer que fomos nós que inventamos o fascismo". Agora, também, sua reformulação.

>> El País