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BRICS proporciona cada vez mais motivos para Ocidente estar preocupado?

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Na cidade portuária de Xiamen acabou de encerrar a nona cúpula do grupo de países emergentes BRICS. A Sputnik Brasil viajou para o local dos acontecimentos e explica em que sentido este fórum foi especial e que novidades trouxe ao bloco.

O primeiro dia da cúpula, 3 de setembro, se iniciou em contexto "específico" (que, contudo, já parece se tornar rotineiro), com as notícias sobre o terremoto em território coreano… Pois, claro que não foi apenas um fenômeno da natureza. Logo se revelou que a causa do cismo era mais um teste norte-coreano, desta vez da bomba de hidrogênio.

Evidentemente, este incidente não podia ser deixado de parte pelos líderes e acabou por ser um dos temas principais da agenda ao lado dos assuntos permanentemente pendentes e de novas iniciativas.

'Década dourada' de cooperação

Tendo nascido como apenas um grupo informal "de interesses", o BRICS gradualmente se converteu em uma força política de grande peso no palco internacional. Uma das suas realizações foi justamente a abertura do Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS, cunhado como uma alternativa viável às instituições existentes neste campo. Já agora, a entidade se ocupa de 5 projetos diferentes, sendo um deles realizado em território russo — em relação à reforma do seu sistema judicial.

Como sublinhou no seu discurso de boas-vindas o presidente chinês Xi Jinping, a última década foi genuinamente "dourada" para os países-membros e, já que constituem um bloco com valores e visões semelhantes, esta época de ouro, provavelmente, é para durar.

Por exemplo, durante os últimos dez anos, o PIB combinado dos cinco países-membros aumentou 179%, o comércio — 94% e a população urbana — 28%, o que "contribuiu para estabilizar a economia mundial e devolvê-la ao caminho do crescimento, beneficiando 3 bilhões de pessoas", realçou o líder chinês.

E estes índices positivos ainda crescerão caso o bloco consiga continuar estreitando seus laços. E não só estreitando, mas talvez até os fazendo alastrar.

Diálogo cada vez mais abrangente

Uma das novidades do fórum recém-concluído foi o chamado formato "BRICS+", uma iniciativa expressa pela chancelaria chinesa há vários meses e apoiada pelos seus parceiros. No entanto, sendo simpatizantes de negociações alargadas, nem todos os países se mostram dispostos a enfrentar uma nova adesão em pé de igualdade.

Aliás, aqui no jogo entra a maldita concorrência regional e, claramente, a potencial adesão do Paquistão, por exemplo, por mais benéfica que ela seja no que se trata da representação do grupo, não provocará nenhuma simpatia por parte de Nova Deli.

Para o Brasil, como o único representante das Américas no grupo, embora isto não seja expressado em voz alta, a aposta no México como futuro país-membro também pode gerar certas preocupações, como foi no caso das reivindicações de ambos os países em relação a um assento permanente no Conselho de Segurança.

Entre os outros candidatos estão, por exemplo, o Egito e a Turquia, cuja participação, sem dúvida, contribuiria para a diversificação dentro do grupo e para a ampliação das suas zonas de interesse.

Por enquanto, estes países participaram do fórum apenas como convidados (por exemplo, neste ano Putin e seu homólogo mexicano se reuniram nas margens da cúpula), mas pode ser que em um futuro breve repitam o precedente da África do Sul e adiram ao bloco. Para isso, ainda há muitos aspetos a serem negociados, porém, vários especialistas elogiam esse passo como o único e correto.

Integração econômica é apenas um primeiro passo?

Tradicionalmente, o grupo BRICS tem sido apresentado como um grupo com mais enfoque econômico do que político, inclusive por seus participantes serem às vezes adeptos de políticas diferentes. Porém, ao longo dos anos, o elemento econômico-financeiro entrou "em valsa" com as questões políticas mais importantes da modernidade.

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