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Macron completa 100 dias no poder com popularidade em queda

Entusiasmo do início deu lugar a contestações contra presidente

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Eleito como um respiro de novidade em um país historicamente apegado à tradição de esquerda e direita, o mais jovem presidente da França, Emmanuel Macron, completa nesta terça-feira (22) seus primeiros 100 dias de mandato e vive um momento de crescente contestação.

Pouco mais de três meses depois de ele ter assumido o Palácio do Eliseu, só 36% dos franceses estão satisfeitos com seu desempenho na chefia do Estado, 10 pontos percentuais a menos do que a avaliação de François Hollande, recordista de índices de impopularidade na França, nos 100 dias iniciais de seu mandato.

O número é de uma pesquisa do instituto Ifop, que aponta também que 64% dos entrevistados se dizem insatisfeitos com seu presidente. A boa notícia para o líder do República Em Marcha é que o índice de aprovação ainda é maior que sua votação no primeiro turno das eleições presidenciais (24%), quando vários candidatos estavam na disputa.

Porém sua popularidade era de 64% em junho e de 54% em junho, indicando que o desencanto dos eleitores foi potencializado nas últimas semanas. Esses números deram um banho de água em Macron, forçado agora a colocar os pés no chão após o entusiasmo dos primeiros dias de mandato.

Algumas das principais causas da insatisfação dos franceses com o presidente são o corte de 850 milhões de euros no orçamento das Forças Armadas, que levou à renúncia do chefe do Estado-Maior Pierre de Villiers, o projeto para reduzir subsídios habitacionais para pessoas de baixa renda e escândalos envolvendo alguns ministros.

Os primeiros 100 dias de Macron no Eliseu também arranharam sua imagem de europeísta, liberal e defensor da integração. Em diversas ocasiões, o presidente salientou a diferença entre solicitantes de refúgio e migrantes econômicos, evocando uma abordagem mais rigorosa contra aqueles que "chegam de países seguros e seguem a rota das migrações econômicas".

Além disso, em julho, Macron nacionalizou o estaleiro STX France, rasgando um acordo celebrado sob a presidência de Hollande e que previa que a estatal italiana Fincantieri compraria 66,6% das ações da empresa, antes pertencente a uma companhia sul-coreana que acabou quebrando.

A decisão afastou dois países que também tiveram atritos na questão migratória, apesar da sintonia mostrada entre Macron e líderes do Partido Democrático (PD), legenda que governa a Itália, durante a campanha eleitoral.

Nas próximas semanas, o presidente iniciará a batalha que se desenha como uma das mais difíceis de seu mandato: a reforma trabalhista, que deve motivar manifestações e greves de sindicatos e pode comprometer ainda mais sua popularidade.