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Um ano após Amatrice, terremoto volta a matar na Itália

Tremor causou destruição e pânico na ilha de Ischia, sul do país

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Às vésperas do primeiro aniversário do terremoto que matou 299 pessoas no centro da Itália em 24 de agosto de 2016, um novo tremor voltou a atingir uma região turística do país: a ilha de Ischia, um famoso balneário situado na zona metropolitana de Nápoles.

O sismo da noite desta segunda-feira (21) não foi tão forte quanto aquele que devastou Amatrice, Accumoli e um distrito de Arquata del Tronto, nas regiões de Lazio e Marcas, mas sua magnitude de 4.0 na escala Richter foi suficiente para matar uma pessoa e destruir dezenas de imóveis em Ischia, que se encontra repleta de turistas para as últimas semanas do verão europeu.

O terremoto foi registrado às 20h57, a cinco quilômetros de profundidade (nível considerado raso), com epicentro no golfo de Nápoles. A cidade mais afetada foi Casamicciola Terme, município de 8,3 mil habitantes situado na parte mais setentrional da ilha.

Com o tremor de terra, diversas casas de Casamicciola foram ao chão, e pedaços de uma igreja arrancados pelo sismo acertaram e mataram uma idosa, a única vítima confirmada até o momento. Outras 26 pessoas ficaram feridas, duas delas em estado grave, e uma está desaparecida.

"Estava em casa e, de repente, tudo começou a cair, os móveis, os objetos. A casa do lado da minha de repente não existia mais. É a pior coisa que me ocorreu", disse Maddalena, uma moradora de Casamicciola.

O governo da Itália ativou seu plano de emergência e destacou uma unidade de crise para eventuais transportes médicos. Além disso, partiu de Nápoles uma balsa com veículos da polícia e dos bombeiros para ajudar nas operações de socorro, e embarcações foram disponibilizadas para quem quiser voltar ao continente.

Em Lacco Ameno, vizinha a Casamicciola Terme, um hospital teve de ser quase totalmente evacuado por causa das rachaduras causadas pelo terremoto - apenas cinco pacientes intubados foram mantidos na estrutura.

"Vi rachaduras ao longo de uma parede do hotel onde estamos. No momento do tremor, saímos correndo para a rua. Senti muito medo", contou à ANSA um italiano que passa férias em Lacco Ameno. "O terremoto foi breve, mas intenso", acrescentou. Já o fotógrafo Tommaso Monti, que mora na mesma cidade, contou que viu tetos, cercas e muros "desabarem". "Estamos todos fora de casa, sentindo muito medo", reforçou.

Como boa parte da Itália, a Ischia também possui um passado trágico ligado a terremotos: em 28 de julho de 1883, um tremor de terra deixou mais de 2 mil mortos na ilha e devastou Casamicciola. Um século mais tarde, em 23 de novembro de 1980, um sismo de magnitude 6.5 matou quase 3 mil pessoas na região de Irpinia, a 150 quilômetros de distância de Ischia.

Terremotos mais complexos

Os raros tremores que acontecem sob vulcões, como o desta segunda, são mais difíceis de se estudar em relação aos sismos tectônicos, mais frequentes e conhecidos. Esse tipo de terremoto é causado pela ascensão do magma dentro da crosta terrestre e costuma se manifestar em áreas limitadas.

"Uma característica comum a todos é serem mais superficiais, a ponto de muito dificilmente superar a profundidade de cinco quilômetros", explicou à ANSA Gianluca Valensise, do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia (INGV). "Isso acontece porque, abaixo de cinco quilômetros, a crosta se torna muito quente para gerar uma ruptura", acrescentou.

Como são mais rasos, os terremotos vulcânicos também são sentidos de forma mais intensa pelas pessoas, ainda que não tenham uma magnitude muito elevada. "Não é fácil estudar os terremotos vulcânicos porque as estações de detecção podem estar a alguns quilômetros de distância e, por consequência, isso exige uma análise mais complexa", disse Valensise.

Atividade intensa

Ao longo desta segunda-feira, outras zonas da Itália sentiram pequenos terremotos, sendo o mais forte deles, de magnitude 2.9 na escala Richter, na província de Perúgia, capital da Úmbria, no centro da península - essa é a mesma área que vem sofrendo com uma sequência sísmica desde 24 de agosto de 2016.

Também na Itália Central, em Arquata del Tronto, cidade que teve um distrito destruído pelo tremor de um ano atrás, foi registrado um sismo de 2.3. Mais para o norte, moradores da região metropolitana de Florença, na Toscana, se assustaram de madrugada com um terremoto de 2.3. Nenhum desses eventos provocou perdas humanas ou danos.

Tremores de terra são frequentes na Itália, país situado sobre as placas tectônicas eurasiática e africana, que se chocam constantemente, e em uma região do planeta de intensa atividade vulcânica. Essa condição provocou uma sequência sísmica no centro da península que já dura um ano e deixou pelo menos 333 mortos, além de ter causado danos avaliados em mais de 20 bilhões de euros.