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Alvo de terroristas, Sagrada Família recebe 'missa da paz'

Icônica igreja de Gaudí lembrou mortos em ataques na Catalunha

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As maiores autoridades da Espanha participaram neste domingo (20) de uma missa em homenagem às 14 vítimas dos atentados em Barcelona e Cambrils na Basílica da Sagrada Família, a célebre igreja projetada por Antoni Gaudí e que está em construção há mais de 130 anos.

A cerimônia contou com as presenças do rei Felipe VI, da rainha Letizia, do primeiro-ministro Mariano Rajoy, do presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, e da prefeita de Barcelona, Ada Colau, além de representantes de outros países e milhares de cidadãos.

Chamada de "missa pela paz", a homilia foi realizada sob um imponente esquema de segurança, um dia depois de o jornal "El Confidencial" ter revelado que a basílica era o principal alvo dos terroristas.

Durante a celebração, o arcebispo de Barcelona, Joan Josep Omella, lembrou que os últimos dias foram de "muitas lágrimas, mas sobretudo de grande humanidade". "Apoiamos um novo estilo de convivência, no respeito aos direitos humanos, superando as diferenças e exclusões. Demonstramos que somos um povo que não tem medo", disse Omella.

Em uma entrevista coletiva neste domingo, Josep Lluís Trapero, major dos Mossos d'Esquadra, a força policial da Catalunha, não confirmou nem desmentiu a notícia de que a Sagrada Família estava na mira dos terroristas. "Não podemos dar informações a respeito", afirmou.

Quase simultaneamente à missa, no Vaticano, o papa Francisco dedicou seu Angelus deste domingo a fazer um apelo contra a "violência desumana". "Em nossos corações, carregamos a dor pelos atos terroristas que, nos últimos dias, causaram numerosas vítimas, em Burkina Fasso, na Espanha e na Finlândia", declarou o líder católico.

Operações

Passados três dias do atentado nas Ramblas, famoso calçadão turístico do centro de Barcelona, a polícia ainda segue à caça de um foragido, o marroquino Younes Abouyaaqoub, 22 anos - existe a suspeita de que ele teria cruzado a fronteira com a França.

Outros quatro suspeitos foram presos, sendo três em Ripoll, cidade situada 100 quilômetros ao norte de Barcelona, e um em Alcanar, 200 quilômetros a sudoeste da capital catalã e onde, na última quarta-feira (16), explodira a casa usada como base pela célula terrorista.

Na residência, os investigadores encontraram 120 cilindros de gás e indícios de TATP (triperóxido de triacetona), o explosivo preferido do Estado Islâmico (EI) para realizar atentados terroristas. Também havia no local restos mortais de três pessoas, sendo que os de duas já foram identificados.

Suspeita-se que o terceiro corpo possa ser de Abdelbaqi Es Sattii, imã de Ripoll que teria agido como mentor dos ataques. O religioso de 45 anos abandonou sua residência na última terça-feira (15) e dizia que estava de partida para o Marrocos, mas não há sinais de seu paradeiro.

Satti cumprira pena de quatro anos de prisão na Espanha por tráfico de drogas e tivera contato com jihadistas envolvidos nos atentados da Al Qaeda contra o sistema ferroviário de Madri, em 2004, que deixaram 192 mortos.

Também falta descobrir se o incidente em Sant Just Desvern, cidade vizinha a Barcelona, tem relação com os ataques. Cerca de duas horas depois do atropelamento nas Ramblas, um Ford Focus furou um bloqueio da polícia na Avenida Diagonal, que atravessa a capital catalã, e foi interceptado em Sant Just Desvern.

O proprietário foi encontrado morto a facadas dentro do veículo, mas não no banco do motorista, o que indica que alguém o assassinou para roubar o automóvel. Suspeita-se que o agressor possa ser Abouyaaqoub.

Os atentados 

Por volta de 17h de quinta, uma van avançou por 600 metros no calçadão das Ramblas e atropelou dezenas de pessoas, deixando ao menos 13 mortos e mais de 100 feridos. Já na madrugada de sexta-feira, à 1h20, cinco integrantes da mesma célula terrorista pretendiam repetir a dinâmica em Cambrils, cidade costeira situada 120 quilômetros a sudoeste de Barcelona. A bordo de um carro, eles tentaram avançar sobre o calçadão à beira-mar, mas acabaram se deparando com um bloqueio policial.

O veículo atravessou a barreira, porém capotou logo em seguida. Seus cinco ocupantes desceram do automóvel e esfaquearam seis pessoas (uma delas morreu) até serem abatidos pelas forças de segurança.