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Célula terrorista de Barcelona tinha ao menos 12 homens

Cinco morreram, quatro foram presos, e três, identificados

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A célula terrorista que atacou as cidades de Barcelona e Cambrils, na Catalunha, incluía pelo menos 12 pessoas, das quais três permanecem com o paradeiro desconhecido.

A última atualização sobre o grupo criminoso foi fornecida na noite da última sexta-feira (18) por Josep Lluís Trapero, major dos "Mossos d'Esquadra", nome oficial da força de polícia catalã. Em entrevista à emissora local "TV3", ele disse que, além dos cinco terroristas mortos em Cambrils, quatro suspeitos estão presos, e três foram identificados, mas não detidos. Nenhum deles tinha antecedentes criminais ligados ao extremismo.

Também foram encontrados restos mortais de dois indivíduos na casa que explodira em Alcanar, a 200 quilômetros de Barcelona. Esses traços podem pertencer a dois dos três suspeitos que ainda não estão presos.

No início do dia, os Mossos haviam divulgado as identidades de quatro foragidos: Moussa Oukabir, 17 anos, Mohamed Hychami, 24, Said Aallaa, 18, e Younes Abouyaaqoub, 22. Os três primeiros estão entre os cinco terroristas abatidos em Cambrils, enquanto o último continua em fuga.

Trapero também afirmou que a polícia ainda não conseguiu descobrir quem dirigia a van usada para atropelar centenas de pessoas nas Ramblas, no centro de Barcelona, mas ressaltou que "vem perdendo força" a hipótese de que o motorista fosse Moussa.

Planos maiores

De acordo com o major, a investigação aponta que a casa de Alcanar estava sendo usada para preparar atentados ainda maiores. "Eles alugaram três furgões nos dias anteriores [aos ataques], e isso nos permite deduzir que tinham três cenários para atentar", acrescentou.

Uma das vans é a das Ramblas, e uma segunda foi encontrada em Vic, 70 quilômetros ao norte da capital catalã. Nesta sexta-feira, a Espanha alertou a França de que um terceiro furgão, um Renault Kangoo, pode ter cruzado a fronteira entre os dois países. Esse veículo teria sido alugado na tarde de quinta (17), por Hychami e Aboyaaqoub.

Nos escombros da residência de Alcanar, que seria a base da célula terrorista, foram encontrados cilindros de gás propano e butano, supostamente comprados para a fabricação de bombas caseiras. Como a casa acabou explodindo na noite da última quarta-feira (16), o grupo teria decidido acelerar seus planos.

Por volta de 17h de quinta, uma van avançou por 700 metros no calçadão das Ramblas e atropelou dezenas de pessoas, deixando ao menos 13 mortos e mais de 100 feridos. Na madrugada de sexta-feira, a dinâmica se repetiu, porém em Cambrils, 120 quilômetros a sudoeste de Barcelona.

À 1h20, um carro com cinco homens atropelou seis pessoas na cidade - uma delas morreria pouco depois, em um hospital. Todos os terroristas foram abatidos pelas forças de segurança, quatro deles por um único agente.

Além disso, entre 18h30 e 19h, um carro atravessou um controle policial na Avenida Diagonal, que corta Barcelona, e foi perseguido até a cidade vizinha de Sant Just Desvern. O dono do veículo foi encontrado morto a facadas no assento do carona, mas o motorista escapou. Ainda não se sabe se esse episódio tem ligação com os atentados.

Motorista

Também não está claro qual foi o papel de cada pessoa nos ataques, já que a Polícia diz ter identificado os cinco terroristas de Cambrils e outros três, mas não divulgou as identidades de todos. Levando em conta que Abouyaaqoub continua foragido, é possível que os restos mortais encontrados em Alcanar sejam dos outros dois suspeitos identificados e com paradeiro desconhecido.

Por conta de uma limitação temporal, o major dos Mossos declarou que é improvável que o motorista do furgão das Ramblas seja um dos terroristas abatidos em Cambrils. Como a polícia também já descartou que um dos quatro homens presos estivesse ao volante do veículo, cresce a hipótese de que Abouyaaqoub tenha sido o autor material do atentado em Barcelona.

Entre os suspeitos já detidos, há três cidadãos marroquinos e um espanhol de Melilla, enclave do país europeu no norte da África. Três prisões ocorreram em Ripoll, pouco mais de 100 quilômetros ao norte de Barcelona, incluindo a de Driss Oukabir, irmão de Moussa, a quem ele acusa de ter roubado seus documentos.

Driss se apresentou espontaneamente em uma delegacia de Ripoll e afirma ser inocente. A outra captura foi realizada em Alcanar.