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Empresário ri ao pensar em lucros com obras em cidade arrasada por terremoto

Flagra foi obtido por meio de uma escuta telefônica da Justiça italiana

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Uma interceptação telefônica realizada pela Justiça da Itália flagrou um empresário rindo ao imaginar os lucros que poderia obter com as obras de reconstrução das cidades devastadas pela série de terremotos iniciada em 24 de agosto de 2016, em Amatrice.

O grampo faz parte de uma investigação da Procuradoria da República em L'Aquila sobre supostos subornos pagos por empreendedores a funcionários públicos para garantir contratos nos trabalhos de reconstrução do município, também atingido por um tremor de terra, mas em 2009.

O empresário em questão é Vito Giuseppe Giustino, 65 anos, presidente do conselho de administração da Società Cooperativa L'Internazionale, construtora baseada em Altamura, no sul da Itália. Na ligação, ele fala com o geômetra de sua companhia, Leonardo Santoro, que lhe conta o que havia dito a Lionello Piccinini, servidor do Ministério dos Bens Culturais em Abruzzo, região que tem L'Aquila como capital.

"Se posso ser útil, façam a lista, mas vocês [o Ministério] devem fazer um escaneamento dos bens sob sua tutela. Se vocês precisarem de algo para o escoramento e etc., nós estamos à disposição", relatou Santoro a Giustino. Ele contava a seu chefe que a pasta havia criado uma unidade de crise para avaliar os danos arquitetônicos provocados pelos terremotos do ano passado.

Giustino, ao ouvir as palavras do funcionário, riu de maneira "zombeteira" da situação, segundo uma ordem de custódia cautelar emitida pelo juiz Giuseppe Romano Gargarella. "Para a empresa, os novos sismos levariam a novas receitas, principalmente se o acordo com funcionários do Ministério inseridos nas unidades de crise não tivesse sido revelado", escreveu o magistrado.

Os três personagens citados foram colocados em regime de prisão domiciliar, suspeitos de envolvimento no pagamento de propinas em contratos para a reconstrução de L'Aquila. No mandado, o juiz diz que, após os terremotos de 2016, os representantes da Società Cooperativa L'Internazionale "assumiram um comportamento particularmente cínico" e "tentaram obter novos contratos graças a suas relações diretas com servidores públicos".

Iniciada em Amatrice, no dia 24 de agosto do ano passado, a sequência sísmica no centro da Itália já deixou 333 mortos e causou mais de 20 bilhões de euros em danos. A cidade onde os tremores começaram foi a mais atingida, com 238 vítimas e um cenário de destruição quase total.