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Artigo do 'The Sun' sobre Nápoles provoca crise com Itália

Embaixada acusou tabloide britânico de publicar "fake news"

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A publicação de uma matéria pelo jornal britânico "The Sun" que coloca Nápoles entre as 11 cidades mais perigosas do mundo ameaça se tornar um incidente diplomático entre Itália e Reino Unido.

Nesta quarta-feira (19), a Embaixada italiana em Londres rebateu o artigo do tabloide e o chamou de "fake news" ("notícia falsa"). "Nápoles não está incluída em nenhuma classificação oficial das 50 cidades mais perigosas do mundo", diz uma mensagem postada pela representação diplomática no Facebook.

Em seu "mapa do medo", o jornal britânico elege os centros urbanos mais perigosos em 11 áreas geográficas do planeta. Nápoles, maior metrópole do sul da Itália, lidera o ranking de periculosidade na Europa Ocidental.

O "Sun" descreve a capital da Campânia como uma terra de homicídios, drogas, gangues e clãs mafiosos e onde as "execuções" da Camorra são algo comum. Além disso, fala que o município é conhecido pelas suas "ligações com o crime organizado" e que a criminalidade é vista como um caminho por muitos jovens por causa do desemprego.

"A cidade tem uma reputação tão ruim na Itália que a frase 'vá para o inferno' significa em italiano algo como 'vá para Nápoles'", escreveu o jornal.

Outros centros urbanos presentes na lista são Caracas, na Venezuela (América do Sul); San Pedro Sula, em Honduras (América Central); St. Louis, nos EUA (América do Norte); Kiev, na Ucrânia (Europa Oriental), Grozny, na Rússia (Rússia e Ásia Central); Karachi, no Paquistão (subcontinente indiano); Manila, nas Filipinas (Extremo-Oriente); Perth, na Austrália (Oceania); Raqqa, na Síria (Oriente Médio e norte da África); e Mogadíscio, na Somália (África Subsaariana).

"The Sun deve ter tido uma insolação... Confundindo ficção com realidade ao colocar a cidade do Monte Vesúvio ao lado de Raqqa, Mogadíscio e Grozny", disse a Embaixada da Itália no Reino Unido. A classificação usou critérios distintos para escolher cada cidade, como terrorismo, tráfico de drogas, assassinatos e violações dos direitos humanos.

"É um juízo falso, superficial, de quem evidentemente nunca passou um dia de sua vida em Nápoles, uma cidade cheia de problemas, mas que no ranking mundial não deve estar onde o 'Sun' a colocou", declarou o prefeito da capital da Campânia, Luigi de Magistris, em entrevista à ANSA.

No ranking anual elaborado pela ONG mexicana Conselho Cidadão pela Segurança Social Pública e Justiça Penal, que leva em conta o número de homicídios em cidades com mais de 300 mil habitantes, apenas Caracas (primeira) e San Pedro Sula (segunda) aparecem entre as 10 primeiras.

Já St. Louis é a 15ª, porém nenhum dos outros municípios citados pelo "The Sun" está entre os 50 mais violentos.