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Cardeal australiano nega acusações de pedofilia

Religioso foi afastado do Vaticano para poder se defender

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A Polícia de Estado de Vitória, na Austrália, indiciou nesta quinta-feira (29) o cardeal George Pell pelo crime de pedofilia. O australiano é o mais alto membro religioso do país e, atualmente, é prefeito da secretaria de Economia do Vaticano.    

A acusação envolve diversos crimes sexuais referentes a "vários episódios" ocorridos anos atrás. O caso é um desdobramento de uma investigação feita há anos pelas autoridades australianas e que fez o cardeal passar por diversos interrogatórios sobre o tema.    

Em sua defesa, o religioso fez uma declaração à imprensa em que "rejeita todas as acusações" sobre supostos abusos sexuais e informa que retornará à Austrália para poder defender-se. "Rejeito o bloco de acusações contra mim. São falsas. Abomino até a ideia de abusos sexuais", disse o religioso.    

Por conta das acusações, o Vaticano permitiu uma "licença" de Pell de suas funções administrativas.    

Em uma declaração assinada pelo porta-voz do Vaticano, Greg Burke, a Igreja Católica divulgou que o papa Francisco "foi informado sobre o procedimento" ao qual o cardeal foi submetido na Austrália e, "no pleno respeito das leis civis e reconhecendo a importância que o processo deva ser desenvolvido de maneira justa", visto que o cardeal "decidiu retornar ao seu país para enfrentar as acusações", lhe "concedeu um período de licença para poder defender-se".    

Ainda na nota assinada por Burke, há o destaque de que o Papa "pode apreciar a honestidade do cardeal Pell nos anos de serviço à Cúria e lhe é grato pela colaboração e pelo particular empenho enérgico para a renovação administrativa".    

O Pontífice ainda afirmou que "respeita" a "justiça australiana que deverá decidir o mérito da questão" e lembra que "há décadas, o cardeal condena os abusos de menores como atos intoleráveis" e sempre "cooperou com as autoridades australianas". Além disso, o Vaticano lembrou que Pell "apoiou a criação de uma comissão contra os abusos" e como "bispo diocesano introduziu procedimento para fornecer assistências às vítimas de abusos".  

Investigação

Em outubro do ano passado, membros da polícia australiana estiveram em Roma e no Vaticano para recolher mais informações sobre os casos, que teriam sido cometidos entre os anos 1970 e 1980. Pell chegou a responder até mesmo ao Vaticano e à Justiça da Austrália, em março do ano passado, por "acobertar" crimes sexuais de padres enquanto atuou nas dioceses de Melbourne e Ballarat, sua cidade natal.    

De acordo com a denúncia apresentada nesta , Pell terá que se apresentar ao tribunal no dia 18 de julho. Com isso, ele será o mais alto representante da Santa Sé da história a responder por um crime do tipo.    

Ao fazer o anúncio da acusação, o vice-comissário da polícia, Shane Patton, destacou que as denúncias se referem ao período em que ele atuou, na década de 1970, em sua cidade natal, na época que ainda era padre.    

Patton destacou que "o processo e os procedimentos aplicados ao caso são os mesmos aplicados a uma vasta gama de crimes sexuais históricos, todas as vezes que nós os investigamos".    

Além disso, um dos casos que já foi investigado pela Austrália, recai sobre o ex-padre Gerald Risdale, que foi transferido de paróquia em paróquia australiana ao invés de ser denunciado pelos crimes de abuso sexual. Pell atuou por 10 anos na diocese em que Risdale era padre.    

Anos depois, o ex-sacerdote foi condenado em 138 episódios de pedofilia contra 53 menores d idade.