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Conheça o ex-monastério que sediará reuniões do G7 na Itália

San Domenico foi ocupado por nazistas e base de acordo europeu

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A cidade de Taormina, na Itália, terá um local paradisíaco para a realização das plenárias dos chefes de Estado e governo que participarão da reunião de cúpula do G7: o ex-monastério de San Domenico, atualmente um hotel de luxo.

O ex-convento religioso dos padres dominicanos foi escolhido para os encontros, conforme informou o chefe da delegação italiana, Alessandro Modiano. Também há a informação de que a comitiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ficará hospedada no local.

Ocupando uma área de mais de 13 mil metros quadrados, o San Domenico teve o início da construção em 1374, sendo finalizado em 1383, e foi "fundado" pelo padre dominicano Girolamo De Luca.

O dinheiro para a construção veio do barão Damiano Rosso, que doou seu dinheiro e todos os seus bens para ajudar a construir o local.

Tornando-se um centro de estudos religiosos a partir de então, o local teve uma mudança drástica em 1866: a "Lei Mancini" confiscou os bens de religiosos pela então recente Itália, que havia sido unificada em 1861.

Por conta de uma revelação inesperada no documento que a família Rosso havia dado ao local - um empréstimo em que, ao fim, o local deveria voltar para a família dos barões e não poderia ser confiscado pelo Governo - houve uma intensa briga para ver quem seria o dono do monastério.

Voltando para as mãos dos príncipes de Cerami, os herdeiros decidiram vender por um valor irrisório o local. Em 1896, o ex-monastério virou um lugar recreativo e anos depois tornou-se um hotel, sendo o segundo a ter esse fim na cidade.

O local é repleto de histórias e conta com uma área para meditação com vista para o mar, um clube de festas - além de serviços de um hotel cinco estrelas.

Os 40 quartos do hotel, que eram as 40 "celas" dos padres, são todos decoradas com o "estilo siciliano" e contam com inúmeros móveis de época. Além disso, diversas paredes e colunas só passaram por reformas pontuais, mantendo o estilo característico da época de sua construção.

Na parte "folclórica", há lendas que contam que há padres que ainda assombram o local, gritando para os hóspedes durante a noite. Já entre os principais fatos ligados ao ex-monastério, está a dominação nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

Um dos maiores aliados de Adolf Hitler, o comandante militar da SS, Heinrinch Himmler, se "hospedou" na estrutura e, por conta disso, o local foi bombardeado durante a guerra. O ponto também era amado por outro pilar do nazismo, o militar Herman Göring.

Desse bombardeio, sobraram apenas o claustro - a área aberta circundada por colunas cobertas - e a sacristia original dos dominicanos. Esta última é possível de visitação mesmo para quem não é hóspede - e é promessa de vertigem. A igreja foi restaurada após a destruição e hoje é uma sala de convenções.

Já entre os visitantes mais "amados", estão algumas das maiores estrelas das décadas passadas. Audrey Hepburn, Truman Capote, Marlene Dietrich e Ingrid Bergman foram alguns dos hóspedes de luxo do local.

No entanto, o San Domenico tem um extremo valor para os europeus. Foi na estrutura do hotel que, em 2 de junho de 1956, o político italiano Gaetano Martino, o belga Paul-Henri Spaak e o alemão Walter Hallstein - que se tornaria o primeiro presidente da Comissão Europeia em 1958 - conseguiram finalizar um rascunho da Declaração de Messina.

O documento era um prólogo dos Tratados de Roma, os primeiros documentos que começaram a dar forma para a então Comunidade Econômica Europeia. No futuro, essa integração formaria a União Europeia.

O ex-monastério já teve diversos donos ao longo das décadas e, em março de 2016, foi vendido para o grupo do xeque do Catar, Hamad bin Jassim al-Thani, por cerca de 52,5 milhões de euros.