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'The Economist': Se eleição da França utilizasse sistema eleitoral dos EUA, Le Pen estaria vencendo

Artigo analisa como seria eleição francesa se usasse  modelo dos EUA

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Artigo publicado nesta quinta-feira (27) pela The Economist  avalia que a eleição presidencial da França tem algumas semelhanças com a campanha presidencial dos EUA no ano passado. 

De acordo com o texto, ambas enfrentaram populistas - Marine Le Pen na França e Donald Trump nos Estados Unidos - contra liberais com vínculos com altas finanças, que haviam ocupado altos cargos de gabinete nas administrações eminentes (Emmanuel Macron na França e Hillary Clinton na América). 

The Economist destaca que nestas eleições, os candidatos ao establishment ganharam o voto popular por uma margem estreita, mas decisiva - três pontos percentuais no caso de Macron, dois em Clinton. No entanto, uma diferença entre os sistemas políticos dos dois países fez com que os resultados das eleições divergissem. O colégio eleitoral dos Estados Unidos entregou a presidência ao candidato nacionalista, enquanto o método de dois turnos da França tem Macron como provável vencedor escolhido pelo voto popular por uma margem confortável.

The Economist questiona o leitor se "Le Pen poderia comemorar hoje se a França tivesse copiado o colégio eleitoral americano?" Seus eleitores em sua maioria são da região rural e geograficamente dispersos, assim como os de Trump. Em contraste, os partidários de Macron se concentraram em cidades, como os de Clinton.

O sistema americano pode ser imaginado na França com alguma aritmética simples, aponta o artigo. Considerando as 18 regiões francesas - 13 na França metropolitana e cinco no exterior - como análogo aos estados americanos, cada um recebe dois senadores. Mantendo a proporção americana de 4,35 membros da câmara para cada um dos 36 senadores, a Câmara dos Deputados francesa teria 157 cadeiras. Uma vez que cada região está garantida pelo menos um representante na câmara, 139 assentos serão atribuídos com base na população utilizando o método de proporções iguais. Finalmente, cada região seria ponderada no colégio eleitoral pelo número total de seus representantes em ambas as câmaras.

A Califórnia do colégio eleitoral francês seria a Île-de-France, a região que engloba Paris. Com pouco mais de 12 milhões de habitantes, 18% da população francesa, emitiria 30 dos 193 votos eleitorais. O vice-campeão seria Auvergne-Rhône-Alpes, com 20 votos eleitorais, seguido por Hauts-de-France e New Aquitaine, com 16 cada. Puxando a parte traseira seria a ilha da Córsega e as cinco regiões ultramarinas, todos menos um dos quais obteria o mínimo de três votos.

Assim como nos Estados Unidos, um colégio eleitoral francês teria negado a vantagem do candidato liberal no voto popular. Apesar de Macron ter prevalecido nas duas maiores regiões, Le Pen chegou em primeiro lugar em sete dos nove próximos. O resultado seria um atordoamento: os dois líderes teriam recebido 90 votos eleitorais cada um, com o esquerdista Jean-Luc Mélenchon reivindicando dez (todos de regiões ultramarinas) e o conservador François Fillon um mínimo de três.

Usando essas regras, nenhum candidato teria ganho a maioria do colégio eleitoral. Como resultado, sob o sistema implementado pela 12ª emenda à Constituição dos Estados Unidos em 1804, a Câmara dos Deputados escolheria então o vencedor, com cada região obtendo um voto, independentemente do seu tamanho. Assumindo que cada região apoiava o candidato que o venceu, o contendor apoiado pela maioria das regiões seria nomeado presidente.

Com oito das dezoito regiões a seu favor, Le Pen teria uma maioria absoluta. Macron estaria atrasado com seis (e provavelmente também com o apoio da única região de Fillon). Cabe aos apoiantes de Mélenchon, que conquistou três regiões, escolher o próximo presidente. Ou seja, o futuro da Europa repousaria sobre a esquerda radical da França, finaliza The Economist.

> > The Economist