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Explosão pode ser usada contra oposição russa, diz analista

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A explosão desta segunda-feira (3) no metrô de São Petersburgo, segunda maior cidade da Rússia, pode ser explorada pelo governo para "suprimir qualquer tentativa de manifestação" e "reduzir os dissidentes ao silêncio". 

É o que diz, em entrevista à ANSA, o analista militar e de segurança russo Pavel Felgenhauer, que costuma adotar uma postura crítica ao Kremlin. "O temor é que nos encontremos frente a uma série de ataques", afirma. 

Confira a conversa abaixo: 

ANSA: O ataque ocorreu no mesmo dia em que Vladimir Putin se encontrava em São Petersburgo, ainda que não no centro da cidade. Há alguma relação? 

Felgenhauer: Sim, é altamente provável que seja assim. Provavelmente, o aval à operação foi dado após a confirmação da presença do presidente. Naturalmente, uma operação desse tipo deve ser planejada, mas a luz verde ao agressor pode ter sido dada em concomitância à visita.    

ANSA: O senhor acredita na possibilidade de um ataque suicida? Os dados preliminares indicam bombas "tradicionais"...    

Felgenhauer: Olha, no momento não dá para saber nada com certeza. É preciso fazer a perícia, verificar os ferimentos nos mortos, ver se há algum cadáver sem cabeça [que costuma ser a marca de um ataque suicida] e interrogar os sobreviventes. Mas não podemos excluir a hipótese de uma ação kamikaze.    

ANSA: Os investigadores falaram em extremismo ou nacionalismo. Qual é sua opinião?

Felgenhauer: A principal hipótese é obviamente a de uma operação do Estado Islâmico. Mas é preciso esperar uma reivindicação. No momento, o temor é que nos encontremos frente a uma série de ataques, a um "enxame terrorista". Veja, trata-se de um único atentado. Apesar da gravidade, tudo será esquecido dentro de um mês, e não haverá consequências políticas. Se, pelo contrário, ocorrerem outros ataques, então as consequências podem ser muito profundas.    

ANSA: Sem contar que há pouco tempo houve uma série de protestos por toda a Rússia.    

Felgenhauer: Exato. Mas quero ser claro: uma ligação direta entre o movimento de oposição e o atentado de São Petersburgo deve ser excluída categoricamente. A pergunta é se as autoridades decidirão explorar o atentado para suprimir qualquer tentativa de manifestação e reduzir os dissidentes ao silêncio.