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Sob pressão, Itália diz estar preparada para 'Brexit'

Economia ainda em recuperação pode ser afetada por rompimento

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O ministro das Finanças da Itália, Pier Carlo Padoan, afirmou que o país está preparado para aproveitar as "oportunidades" que surgirão após a saída do Reino Unido da União Europeia, cujo processo foi deflagrado nesta quarta-feira (29).

Todo o setor produtivo está em alerta desde junho do ano passado, quando um referendo determinou o chamado "Brexit" e jogou a UE em um cenário repleto de incertezas. Um estudo apresentado ainda em 2016 pela Confederação Geral da Indústria Italiana (Confindustria) estimou que o rompimento entre Londres e Bruxelas pode reduzir pela metade o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da península.

No entanto, essa hipótese não é considerada por Padoan. "O Brexit gera custos e oportunidades, mudará fortemente o panorama europeu. Estamos aqui para explicar que a Itália e Milão [maior centro financeiro do país] podem ser uma oportunidade para a Europa e o Reino Unido", explicou o ministro à agência Bloomberg, durante uma visita a Londres.

Os maiores temores dos investidores giram em torno da baixa liquidez do sistema bancário italiano, que poderia sofrer com eventuais turbulências no mercado financeiro por conta do Brexit. Além disso, o crescimento da economia da Itália deve permanecer abaixo de 1% nos próximos anos, sem espaço para surpresas negativas.

"Estamos introduzindo um maior corte de impostos para as empresas e benefícios fiscais para quem quiser voltar à Itália", acrescentou Padoan, citando também a criação de uma taxa única de 100 mil euros sobre rendimentos no exterior para atrair estrangeiros milionários.

Do ponto de vista social, existe preocupação em Roma quanto à situação dos mais de 500 mil italianos que vivem no Reino Unido, já que ainda não se sabe como ficará a situação dos cidadãos europeus no país após o divórcio entre Londres e Bruxelas.

"Tive do colega Boris Johnson a garantia plena para os direitos dos italianos residentes no Reino Unido e que não terão nada a temer no tema dos direitos, da permanência e do modo de viver", afirmou o ministro das Relações Exteriores da Itália, Angelino Alfano, após um encontro em Londres com seu homólogo britânico.

Ainda assim, o presidente do Parlamento Europeu, o italiano Antonio Tajani, alertou o Reino Unido que medidas contrárias aos interesses dos cidadãos europeus impedirão um acordo sobre o rompimento. "Um cenário que seria uma catástrofe para todos, mas sobretudo para o Reino Unido", disse