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Candidatura de prefeita de Roma é acusada de fraude

Dessa vez, caso atinge época em que Raggi ainda era candidata

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Na enésima polêmica envolvendo seu governo, a prefeita de Roma, Virginia Raggi, está tendo que enfrentar mais uma grave acusação. Dessa vez, o caso envolve o recolhimento de assinaturas para que a atual líder pudesse ser a representante de seu partido, o Movimento Cinco Estrelas (M5S).    

A acusação partiu do programa televisivo "Le Iene" ("As Hienas"), espécie de "CQC" da Itália, da "MTV", na noite deste domingo (26). Durante uma matéria sobre uma possível falsidade no recolhimento de assinaturas para a candidatura, especialistas contatados pelo programa informaram irregularidades.    

Essas assinaturas, de acordo com a lei eleitoral italiana, são necessárias para que cada candidato demonstre ter apoio de eleitores para se lançar na disputa por um cargo. Os dados obtidos mostram que há 1.352 assinaturas pró-Raggi datadas de 20 de abril de 2016, quando, na verdade, a campanha de recolhimento do M5S ocorreu apenas três dias depois.    Além disso, os documentos mostram que há 10 certificadores - as pessoas que, por lei, autenticam as assinaturas obtidas pelos candidatos - que teriam atuado em 20 pontos de recolhimento em Roma ao mesmo tempo.    

Interrogados pelos apresentadores, os advogados do M5S, Alessandro Canali e Paolo Morricone, informaram que todo o processo foi "lícito" e disseram que "como prevê a lei, é possível abrir o recolhimento de assinaturas antes, deixando alguns espaços em branco que serão preenchidos em outro momento". No entanto, especialistas consultados pelo "Le Iene" informam que a lei não prevê esse dispositivo. Raggi afirma que "não há nenhuma irregularidade" nas atividades de seu partido, mas que irá pedir "uma nova verificação" para checar os dados.    

Já o líder do M5S, o comediante Beppe Grillo, usou seu blog para criticar essa nova denúncia. "Fiquem com a alma em paz. Raggi foi eleita legitimamente a prefeita de Roma com dois terços dos votos dos eleitores romanos", escreveu.    

No entanto, recaem contra a sigla outras investigações semelhantes. No ano passado, o M5S foi acusado de fraudar as assinaturas - parecida com a denúncia apresentada contra Raggi - em Palermo e em Bolonha nas eleições de 2016, mas também em 2012.    P

olíticos do Partido Democrático (PD), opositor do M5S, pediram que o slogan de campanha de Raggi, de ser "transparente", fosse mantido nesse momento. A prefeita de Roma fez uma campanha eleitoral em que prometia "transparência" e "trabalho" no comando da "cidade eterna". Mas, desde que subiu ao poder, em julho do ano passado, seu governo é envolvido em uma série de escândalos políticos e judiciais.    

Raggi é investigada pela Procuradoria de Roma por abuso de poder e falso testemunho na nomeação de dois assessores, seu ex-chefe de Gabinete Salvatore Romeo e seu ex-secretário de Turismo Renato Marra. Este último é irmão do ex-chefe do Departamento Pessoal, Raffaelle, que foi preso por corrupção em dezembro do ano passado. Além disso, ela já enfrentou demissões em massa de dirigentes e diversos outros assessores deixaram seus postos por conta de investigações da Justiça italiana.