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'The Guardian': Marie Collins abandona órgão de proteção à criança do Vaticano

Irlandesa vítima de pedofilia deixa Comissão da Igreja católica

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Matéria publicada nesta quarta-feira (1) pelo jornal britânico The Guardian analisa que a renúncia do último membro restante da comissão que sofreu abuso sexual clerical é um grande revés para o Papa Francisco. 

Segundo a reportagem a irlandesa vítima de abuso, Marie Collins, renunciou a comissão que aconselha o Papa Francisco sobre como erradicar o abuso sexual de crianças pelo clero. O trabalho da Comissão para a Proteção dos Menores, instituído por Francisco em Março de 2014, foi marcado por disputas e demissões internas.

Sob a presidência do cardeal americano Sean O'Malley, a comissão criada em 2014, que inclui religiosos e leigos, já havia visto a partida há um ano do britânico Peter Saunders, vítima de pedofilia de um parente e dois padres.               

Com a saída de Collins, a Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores, em grande parte composta de psicólogos, não conta mais com representantes das vítimas.

> > The Guardian Abuse victim Marie Collins quits Vatican child protection body

Guardian acrescenta que Collins, único membro restante da comissão a ter sofrido abuso sexual por um clérigo, disse que o projeto foi prejudicado pela administração do Vaticano, conhecida como a Cúria, resultando em "constantes contratempos".

"A falta de cooperação, particularmente pelo dicastério mais envolvido no tratamento de casos de abuso, tem sido vergonhosa", disse ela em um comunicado.

A decisão de Collins é um grande revés para os esforços do Papa em combater o abuso sexual na igreja católica, embora ela tenha elogiado o pontífice por seu "desejo genuíno" de resolver o problema e sua decisão sincera na criação da comissão.

Ela também disse que continuaria participando de projetos de treinamento para a Cúria e novos bispos, informa The Guardian em seu texto.

O Vaticano disse que o papa aceitou sua renúncia "com profunda apreciação por seu trabalho em favor das vítimas e sobreviventes de abuso".

O cardeal Sean O'Malley, de Boston, que chefia a comissão, também agradeceu seu trabalho e disse que a comissão examinaria suas preocupações em uma reunião plenária no próximo mês.

Em fevereiro do ano passado, o britânico Peter Saunders, o único outro membro da comissão que havia sofrido abuso sexual clerical, foi demitido depois de fazer repetidas críticas ao trabalho da comissão.

Saunders e Collins ameaçaram renunciar, já em fevereiro de 2015, a menos que os bispos fossem responsabilizados pelo encobrimento de abuso sexual ou por não o evitarem.

Em um escândalo mundial de abuso sexual, que se tornou proeminente em Boston, em 2001, os acusados foram encaminhados de paróquia em paróquia ao invés de serem entregues às autoridades, finalizou The Guardian.

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