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Itália vive dia de emoção com resgates em hotel soterrado

Bombeiros acharam 10 sobreviventes e já salvaram cinco

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O Corpo de Bombeiros da Itália encontrou nesta sexta-feira (20) 10 pessoas com vida, incluindo quatro crianças, no que restou do hotel Rigopiano, em Farindola, soterrado por uma avalanche na última quarta-feira (18). Desse total, cinco já foram retiradas dos escombros.

Somando esse número aos três indivíduos que escaparam do deslizamento de neve no mesmo dia da tragédia, a quantidade de sobreviventes chega a 13. O número de hóspedes e funcionários presentes no resort no momento da avalanche ainda é incerto, mas varia entre 30 e 35.

O chefe da Proteção Civil da Itália, Fabrizio Curcio, disse que há apenas duas mortes confirmadas até aqui - informações anteriores falavam em até quatro pessoas falecidas -, então entre 15 e 20 indivíduos continuariam soterrados.

Durante as últimas horas, os dados sobre a quantidade de sobreviventes e mortos foram bastante desencontrados, até entre os órgãos oficiais. Ainda pela manhã, às 11h (horário local), 43 horas depois da tragédia, seis indivíduos foram localizados pelos socorristas. Durante a tarde, foi achado um novo grupo, este com quatro.

Um dos sobreviventes já resgatados é o pequeno Edoardo Di Carlo, que estava de férias com a família, originária de Loreto Aprutino, cidade da província de Pescara, a mesma onde fica o Rigopiano. Contudo, seus pais, Sebastiano e Nadia Di Carlo, continuam desaparecidos.

Ele estava no grupo localizado pela manhã, assim como Adriana Parete, mulher de Giampiero Parete, que escapou da avalanche ao ter ido buscar um objeto em seu carro no estacionamento, e um dos filhos do casal, Gianfilippo.

A família se reencontrou no hospital de Pescara e aguardou durante todo o dia notícias sobre sua quarta integrante, a pequena Ludovica, de seis anos, que só foi encontrada de tarde e resgatada no início da noite. "Não acreditávamos mais, não esperávamos mais", declarou Adriana. Já a menina, assim que chegou ao hospital, fez apenas um pedido: "Quero os meus biscoitos".

Os outros três membros do primeiro grupo são de uma família de Osimo, na região de Marcas: o policial Domenico Di Michelangelo (41), sua esposa, Marina Serraiocco (37), e o filho de sete anos do casal, Samuel, resgatado com Ludovica.

Segundo o chefe da Proteção Civil, ao todo cinco pessoas foram tiradas do Rigopiano, sendo uma mulher e quatro crianças, e outras cinco seguem debaixo dos escombros: o casal Domenico e Marina e mais três indivíduos ainda não identificados. "Foi um dia complicado, mas não privado de elementos positivos", disse Curcio.

O que é certo é que o primeiro grupo de seis sobreviventes estava na área de recreação do hotel, onde havia um bar e uma mesa de bilhar. Parentes de pessoas que escaparam relatam que todos os hóspedes já tinham feito checkout por causa da série de terremotos que atingiu o centro da Itália na última quarta. Eles estariam apenas aguardando o envio de um caminhão limpa-neves para ir embora, já que a estrada estava bloqueada.

"A condição que permitiu aos sobreviventes permanecerem vivos foi ter à disposição roupas pesadas. Além disso, não tiveram contato com a neve porque a estrutura, ainda que parcialmente destruída, os protegeu", declarou o doutor Tullio Spina, diretor da UTI do hospital de Pescara.

Protestos

Houve confusão durante uma coletiva de imprensa para atualizar a situação dos sobreviventes internados em Pescara, com os parentes dos desaparecidos cobrando para saber os nomes das pessoas que foram achadas vivas, mas continuam soterradas.

"Estão sob oito metros de neve, e esperamos há 50 horas. Vergonha! Vocês devem nos dizer os nomes, não é possível que vocês não tenham", disseram os familiares. No entanto, os médicos afirmam que só conhecem a identidade das vítimas quando elas dão entrada no centro de saúde.

Terremotos

A Proteção Civil também atualizou o número de mortos na conjunção terremoto-mau tempo que atinge o centro da Itália desde quarta-feira. De acordo com Curcio, o balanço contabiliza sete vítimas, incluindo as duas do hotel Rigopiano.

Das cinco restantes, a maioria delas faleceu por causa de deslizamentos de neve, que podem ou não estar ligados aos tremores: um pai de 50 anos, Claudio Marinelli, e seu filho de 23, Mattia Marinelli, que foram soterrados em Crognaleto; e Enrico De Dominicis, 73, morador de Campotosto.

Nesta sexta, o corpo de um idoso de 74 anos, ainda não identificado, foi achado em um estábulo da cidade de Rocca Santa Maria, provavelmente morto por hipotermia. Além disso, na quarta, um senhor de 83 morreu soterrado no desabamento de um pequeno prédio em Castel Castagna. Todos esses municípios ficam na região de Abruzzo.