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Donald Trump e Rússia se unem em ataques à Otan

Presidente eleito chamou organização militar de "obsoleta"

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Às vésperas de assumir a Casa Branca, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) é "obsoleta" e arrancou a concordância do governo da Rússia, que critica a expansão da aliança no leste europeu.

    A declaração foi dada ao jornal dominical britânico "The Sunday Times" e voltou a levantar temores sobre um possível desmonte na Otan. Segundo o magnata republicano, a organização não está preparada para combater o "terrorismo islâmico".

    "A Otan é obsoleta, e seus membros se apoiam na América, não pagam aquilo que deveriam pagar", disse Trump. Durante a campanha eleitoral nos EUA, o presidente eleito prometeu exigir mais investimentos dos outros países da aliança e afirmou que "não se sentiria obrigado a defender seus parceiros", contrariando os tratados da entidade.

    A perspectiva de uma mudança de postura de Washington em relação à Otan preocupa sobretudo às nações bálticas, especialmente após a anexação da Crimeia por Moscou e da guerra civil com separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia. Recentemente, a organização reforçou suas tropas na Letônia, ex-república soviética que, segundo um estudo do think tank norte-americano Rand Corporation, poderia ser conquistada em menos de 60 horas.

    Por sua vez, o Kremlin não esconde a irritação pelo avanço da aliança na Europa Oriental, chegando cada vez mais perto de suas fronteiras. Além de já estar nos países bálticos, que fazem divisa com a Rússia, a organização corteja há anos a Ucrânia, em uma aproximação que está no centro da crise que levou à anexação da Crimeia.

    A ex-península ucraniana fica na costa norte do Mar Negro, onde está instalada uma das mais importantes unidades militares da Marinha russa, a Frota do Mar Negro. "A Otan é verdadeiramente um anacronismo, estamos de acordo sobre isso. Há tempos exprimimos nossa visão sobre essa organização, que tem o confronto como objetivo", afirmou nesta segunda-feira (16) o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

    Já o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, disse que as declarações de Trump causam "inquietação". Ainda assim, o futuro presidente - ele assumirá o cargo em fevereiro - lembrou que a postura do magnata vai de encontro ao que pensa o próximo secretário de Defesa dos EUA, James Mattis.

    Em sabatina no Senado na semana passada, Mattis garantiu que considera a Otan como "central" para a segurança norte-americana e destacou que a meta do mandatário da Rússia, Vladimir Putin, é "dividir" a aliança militar. "A Otan não é obsoleta, mas sim de grande importância para a Europa e para todos", completou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha.