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'Deutsche Welle': A superestimada relação entre refugiados e criminalidade na Alemanha

Aumento de delitos como roubo de carteiras já vinha ocorrendo antes da onda migratória

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Matéria publicada nesta quarta-feira (7) pelo jornal alemão Deutsche Welle conta que um crime recente reacendeu na Alemanha o debate sobre criminalidade e refugiados. Na cidade de Freiburg, no sul do país, uma jovem foi estuprada e assassinada a caminho de casa. O principal suspeito é um menor refugiado do Afeganistão. Quem vê o ocorrido como uma prova de que os refugiados são, em geral, "perigosos" desconhece estatísticas recentes divulgadas pelas autoridades alemãs.

Segundo a reportagem o último levantamento anual publicado pelo Departamento Federal de Investigações da Alemanha (BKA), chamado Criminalidade no contexto da imigração, revelou que, de janeiro a julho de 2016, os delitos praticados com a participação de imigrantes diminuíram 36%. A polícia registrou no período um total de 142.500 delitos e tentativas de crimes nos quais pelo menos um dos suspeitos é imigrante. O BKA não disponibilizou uma comparação com crimes de cidadãos alemães para esse período. Entretanto, nas estatísticas de 2015, um total de cerca de 6,3 milhões de crimes foram registrados.

> > Deutsche Welle Wenn die Tat in den Hintergrund rückt

Pequenos delitos são maioria

De acordo com o Welle as cifras se referem a "imigrantes", o que inclui os requerentes de refúgio, os que foram reconhecidos como refugiados, os chamados "tolerados", fugitivos de guerras civis e pessoas sem permissão de residência.

Cerca da metade dos casos é representada por delitos de fraude (30%) e roubo (27%). Cerca de dois terços dos casos descritos como "fraude" são delitos em que pessoas usam meios de transporte público sem pagar a passagem. A maioria dos crimes de roubo é de roubos a lojas.

O relatório confirma que há poucos suspeitos de delitos entre sírios, afegãos e iraquianos, proporcionalmente ao número desses cidadãos presentes na Alemanha. Já entre argelinos, marroquinos e tunisianos, assim como de cidadãos da Geórgia e dos Balcãs, os números de suspeitos de cometer delitos são relativamente altos, principalmente em casos envolvendo roubos. As estatísticas da política não esclarecem quantos desses suspeitos foram condenados.

Ameaça superestimada

O noticiário sobre o tema criminalidade é dominado por crimes espetaculares, especialmente por atos violentos graves cometidos por jovens. No entanto, eles são apenas uma parcela pequena do total de crimes, estatisticamente falando.

"Como resultado, a incidência de crimes graves e o risco para a população são altamente superestimados", escreve o criminólogo Christian Walburg em seu relatório intitulado Migration und Jugenddelinquenz (migração e delinquência juvenil), de 2014. Em alguns campos da criminalidade, entretanto, Walburg registrou ter havido aumento.

"Temos observado há alguns anos um aumento em arrombamentos de residências. Outro delito que aumentou consideravelmente é o roubo de carteiras", afirma o especialista, em entrevista à DW, observando, entretanto, que isso nada tem a ver com a imigração elevada. "Esses números já vinham aumentando há anos", salienta.