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Após congelar renúncia, Renzi quer eleição rápida

Premier quer capitalizar patrimônio de 40% dos votos

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Mantido no cargo pelo presidente Sergio Mattarella, o primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, só aceitou adiar sua renúncia com a condição de que a lei orçamentária de 2017 seja aprovada o mais rápido possível.

Na manhã seguinte ao referendo constitucional do último domingo (4), no qual sua reforma política foi rejeitada por 60% dos eleitores, Renzi queria deixar o Palácio Chigi e até a secretaria do Partido Democrático (PD) imediatamente.

"Eu disse, sou diferente dos outros, não posso ficar nem um dia a mais", dizia o premier a seus aliados mais próximos, que lhe pediam para permanecer até pelo menos o fim do ano. No entanto, ele foi persuadido por Mattarella a "congelar" sua renúncia até a aprovação da lei orçamentária.

O texto já recebeu o aval da Câmara, mas ainda precisa ser chancelado pelo Senado, onde a base aliada possui uma maioria estreita. Se o orçamento não for aprovado até 31 de dezembro, a Itália iniciará o ano que vem com as finanças paralisadas.

No fim das contas, o chefe de Estado convenceu Renzi de que ele só precisará postergar seu pedido de demissão em alguns dias. Com o fim da tramitação da lei, o primeiro-ministro poderá deixar o cargo sem nenhuma pendência e abrir caminho para a formação do novo governo.

"Sergio Mattarella me pediu para permanecer até a aprovação da lei orçamentária, e eu não podia me comportar como um menino que faz caprichos e leva a bola embora porque perdeu a partida", declarou o premier, que cancelou todos os seus compromissos institucionais para mostrar que não mudará de ideia.

O que não se sabe é qual será a duração do próximo gabinete. A atual legislatura termina só em 2018, mas há pressões de todos os lados para que sejam realizadas eleições antecipadas já no primeiro semestre de 2017. O próprio Renzi defende ir às urnas em um prazo brevíssimo.

Com um capital de 40% do eleitorado - não o suficiente para vencer um referendo de "sim" ou "não", mas bastante em uma eleição com a oposição fragmentada -, o premier deve permanecer como secretário do PD, o maior partido da Itália, para capitalizar esse patrimônio de votos. O ideal para ele seria realizar eleições antes do próximo congresso da sigla, marcado para o ano que vem, para evitar os efeitos negativos de uma disputa interna.

Enquanto isso, o partido discute quem guiará o governo do pós-Renzi, que será responsável por aprovar uma nova lei eleitoral e levar o país às urnas. O nome mais forte no momento é o do ministro das Finanças, Pier Carlo Padoan. Ex-vice-secretário da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), ele daria um caráter mais técnico ao gabinete.

No entanto, a Itália terá compromissos importantes no primeiro semestre, como o aniversário de 60 anos dos Tratados de Roma, que fundaram a Comunidade Europeia, em março, e a cúpula do G7, que será na Sicília, em maio. Nesse cenário, ganha força o nome de uma figura de maior relevo institucional, como o presidente do Senado, Pietro Grasso, que também estaria disponível, ao contrário de Padoan, para eventualmente guiar o país até o fim da legislatura.

Outros ministros de Renzi também são apontados como possíveis substitutos, incluindo Dario Franceschini (Bens Culturais), Paolo Gentiloni (Relações Exteriores) e Graziano Delrio (Infraestrutura).