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Líder da extrema-direita da Itália quer eleições em 2017

Salvini afirmou que não apoiará nenhum governo temporário

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O líder do partido de extrema-direita Liga Norte, Matteo Salvini, comemorou mais uma vez a derrota do primeiro-ministro Matteo Renzi no referendo constitucional deste domingo (4) e pediu que as eleições gerais sejam convocadas o quanto antes.    

"Uma esplêndida segunda-feira, cheia de alegria. Agora, digo que é preciso votar o mais rápido possível e não ficar oito meses pensando se o 'Italicum' é correto, não correto, etc. Vamos votar logo e basta. Espero que os juízes de Consulta digam logo se o Italicum fica ou não fica porque cada dia que passa, é um dia perdido", disse Salvini em entrevista à "Radio Padania".    

A referência à lei eleitoral, chamada de Italicum e aprovada no governo de Renzi, se deve ao fato de que ela estava ligada intrinsecamente à aprovação da reforma constitucional rejeitada.    

Isso porque, após a aprovação dos parlamentares, ela levava em conta que o Senado italiano não seria mantido do jeito atual e focava na Câmara dos Deputados. Com a rejeição popular à reforma, agora a Justiça precisa definir se ela ainda tem validade ou não.    

"Os poderes fortes tiveram uma sonora derrota. Se 70% votaram, quer dizer que há esperança para mudar as coisas. Pode-se decidir sem delegar nada à Europa, à Confindustria, à Coldiretti", disse Salvini ao falar sobre a afluência às urnas e a posição pelo "sim" de dois dos maiores sindicatos da Itália: a Confederação Geral da Indústria Italiana (Confindustria) e a Confederação Nacional dos Cultivadores Diretos (Coldiretti), que é ligada aos agricultores italianos.    

Salvini, que por muitas vezes foi considerado xenófobo por sua postura contra os imigrantes, afirmou ainda que os partidos de centro-direita não estão unidos e que não apoiará um governo provisório até 2018, para quando já estão marcadas as eleições gerais no país.    

"Nós não estamos dispostos a apoiar nenhum governo que tentará se lançar, mas estamos dispostos a votar com qualquer lei eleitoral que a Consulta permitirá. Nos desconcerta as especulações para o nome de novo premier a essa altura. É de péssimo gosto. Querem fragmentar aquilo que os italianos escolheram ontem", disse ainda Salvini.    

A imprensa italiana já aponta o nome de possíveis sucessores que poderiam ser encarregados de formar um novo governo. Entre eles, está o nome do atual ministro da Economia, Pier Carlo Padoan, o presidente do Senado, Pietro Grasso, e o ministro dos Transportes, Graziano Delrio.    

No entanto, Salvini também está preocupado com o opositor que poderia tomar o lugar de Renzi: o líder do partido Movimento Cinco Estrelas (M5S), Beppe Grillo. Ao lado do Força Itália, de Silvio Berlusconi, as três siglas já chegaram a se unir para derrotar o Partido Democrático (PD), de Renzi, nas eleições para as cidades italianas durante os últimos dois anos.    

"Agora, espero o golpe de misericórdia do regime porque nós ficamos dizendo que há só o Grillo, mas é preciso estar atentos.    

A partida começa agora e a mudança verdadeira passa apenas pela vitória nas eleições e governo", ressaltou.    

Apesar de reconhecer que o PD ainda tem maioria no Parlamento, Salvini disse que seu partido "não está à venda" e que espera que algumas siglas importantes da base governista mudem o posicionamento, ressaltando ser uma "opção séria contra Renzi".