A China fez neste sábado (3) um protesto formal contra os Estados Unidos por causa da conversa por telefone entre a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, e o próximo ocupante da Casa Branca, Donald Trump.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores de Pequim, há apenas "uma única China no mundo, e Taiwan é parte inseparável do território chinês". "O governo da República Popular é o único com legitimidade para representar a China", diz o comunicado.
Além disso, Pequim afirmou que esse princípio é um fato "reconhecido pela comunidade internacional" e recomendou aos EUA que tratem a questão com "cautela" para evitar "solavancos inúteis" nas relações entre os dois países.
A conversa entre Trump e Tsai Ing-wen é a primeira desde 1979 envolvendo um presidente dos Estados Unidos - ainda que antes da posse - e um líder de Taiwan. Segundo o republicano, foi a própria taiwanesa quem lhe telefonou para dar os parabéns pela vitória na eleição de 8 de novembro.
"Interessante como os EUA vendem bilhões de dólares em equipamentos militares a Taiwan, mas eu não posso aceitar um telefonema de congratulações", escreveu o magnata no Twitter. Na prática, Taiwan é independente há décadas, mas a China continua a considerar a ilha como parte de seu território, tendo já ameaçado reintegrá-la à força em diversas ocasiões.
Eleita em janeiro deste ano, Tsai Ing-wen é a primeira mulher presidente do país e adota uma postura independentista, embora tenha prometido "manter o status quo", evitando provocações ao gigante asiático.
No entanto, a ligação entre Trump e a mandatária causou irritação em Pequim e pode piorar as já complicadas relações com Washington. Os Estados Unidos reconhecem desde 1978 o princípio da "China unida" e não têm embaixada em Taipé desde 1979, quando romperam relações diplomáticas.
Durante sua campanha eleitoral, Trump fez duros ataques à China, dizendo que o país "rouba" empregos dos EUA e prejudica a economia norte-americana.