ASSINE
search button

Centro analítico norte-americano elogia sucessos da política externa russa

Compartilhar

As visões políticas em rápida mudança nos EUA e na União Europeia podem levar Moscou a reforçar a sua influência nas antigas repúblicas soviéticas, e os países vizinhos da Rússia a reavaliarem as suas orientações políticas, diz o centro de inteligência e análise norte-americano Stratfor.

O Brexit que aconteceu neste ano mostrou uma importante divisão na União Europeia e fez os russos esperarem que os "países descontentes" da UE bloqueiem a decisão de prorrogar as sanções. Apesar de, por enquanto, quase todos os países da União se terem pronunciado a favor das medidas restritivas, as futuras eleições em vários países europeus podem minar a unanimidade da UE neste assunto.

Enquanto isso, a vitória de Donald Trump nas presidenciais norte-americanas abriu portas para a normalização das relações com Moscou, e, talvez, até o levantamento das sanções, diz-se no artigo.

Muitas razões dos "fracassos" russos têm origens em 2014, quando a Crimeia aderiu à Rússia, estourou o conflito no Leste ucraniano, o Ocidente introduziu sanções e o preço do petróleo caiu para metade. Muitos dos avanços que a Rússia conseguiu nas relações com as antigas repúblicas soviéticas ao longo da última década desapareceram quando a economia russa entrou em recessão.

Ao mesmo tempo, tais países como a Ucrânia, a Moldávia e a Geórgia têm tentado melhorar os laços com a União Europeia e a OTAN, destacam os analistas do Stratfor.

Porém, levando em conta a situação atual na UE e nos EUA, é provável que estes países reavaliem a sua política. Por exemplo, as presidenciais moldavas que resultaram na vitória do candidato pró-russo Igor Dodon mostraram que o país está cada vez menos interessado na aproximação com o Ocidente. Mesmo que haja pouca hipótese do novo presidente conseguir voltar todo o "barco" do Estado para a aliança com Moscou, ele ao menos tentará estreitar os laços econômicos e políticos com a Rússia. A Geórgia, por exemplo, também começou a abrandar sua postura quanto à Abkhazia e Ossétia do Sul. Mais que isso, após as eleições legislativas, Tbilisi também pode fortalecer sua cooperação econômica com Moscou, preveem os analistas.

No que se refere à Ucrânia, Kiev já não pode contar com o apoio econômico e político "ininterrupto" por parte do Ocidente. Evidentemente, é pouco provável a eleição de um "líder pró-russo" na Ucrânia tomando em consideração o conflito em Donbass, mas as mudanças na União Europeia e nos EUA podem fazer o governo ucraniano abrandar sua posição quanto aos acordos de Minsk e escolher "uma abordagem mais conciliadora" para as negociações com a Rússia quanto à situação em Donbass.

Em paralelo, Kiev pode tentar reforçar a "integração militar" com a Polônia e os países do Báltico caso os membros da OTAN (os EUA, em particular) reduzam sua presença na Europa do Leste, diz-se na matéria.

Até os países que antigamente expressavam uma postura bastante neutra na confrontação entre a Rússia e o Ocidente podem mudar sua filosofia, afirma o Stratfor.