ASSINE
search button

'El País': O perigoso tédio político em sociedades democráticas

Artigo é um grito de angústia do autor que culpa o governo e a oposição

Compartilhar

Artigo publicado nesta segunda-feira (24) pelo jornal El País fala sobre as ações que levam a sociedade a preferir se alienar da política, considerando como causa perdida ou a vontade de "jogar tudo para o alto", como diz o título literal do texto. O autor dá exemplos como o caso de Maduro na Venezuela, Trump nos EUA, os Kirchner na Argentina e o impeachment de Dilma Rousseff no Brasil.  

O editorial em questão é um grito de angústia do autor que culpa o governo e a oposição. O conselheiro acadêmico Hector Schamis  critica o excesso de egoísmo e interesses pessoais acima do coletivo nos atuais governos latino-americanos. 

> > El País Que se vayan todos

O texto não é leve, mas a mensagem mais difícil é fornecida pela imagem. É grave quando a sociedade começa a desconfiar de quem a governa e de quem deve ser afastado. Isso prejudica a credibilidade das instituições, é claro, mas a longo prazo também torna improvável a própria existência da política. É uma doença com um elevado risco de infecção, alerta o editorial.

Héctor observa que no Brasil as recentes eleições municipais refletem a queda do PT e a fragmentação dos grandes partidos, como PSDB e PMDB, com o surgimento de uma política externa como a de João Doria, prefeito eleito de São Paulo. O risco de "jogar tudo para o alto" se torna real, quando se observa a prisão de Eduardo Cunha, o arquiteto do impeachment e remoção de Dilma Rousseff.

Trump, por sua vez, representa um "jogar tudo para o alto" americano. É a ideia de que a política é corrupta (e muitas vezes é) e que os políticos são parasitas da sociedade. Assim, a ideia de um partido que só uma pessoa de fora pode reparar sistema é reforçada. Isso é como dizer que a má prática médica também poderia ser evitada, dando a sala de operação para um agente imobiliário; que, ao longo do tempo, eliminaria completamente o erro médico.

Quando a sociedade começa a sentir desconfiança de quem governa e quem deve ser oposição, se torna improvável a existência da própria política. É uma doença com um elevado risco de infecção, reitera o autor.

O noticiário acrescenta que o surgimento de Trump, no entanto, é um poderoso sinal de tédio. A prolongada crise do sistema de representação, tal como as partes se expressaram disfuncionais e as instituições políticas arcaicas, a política começa a vislumbrar a baixa participação, a perpetuação dos assentos e anulação de votos, entre outros sintomas.

Curiosamente, a foto em questão e a frase "vamos com tudo" são provenientes da Argentina durante o final da crise histórica em 2001 e 2002.; a recessão prolongada, a dívida excessiva e cinco presidentes em uma semana levou a sociedade as ruas. A política da Argentina foi para o lixo desde então, com os Kirchner e sua tentativa de perpetuação no poder, opina Héctor Schamis para El País.

Hoje, no entanto, 15 anos depois, a política de Argentina cumpre bem o seu papel. Ou seja, os políticos de hoje tentam dialogar, negociar, alcançar acordos legislativos e coligações necessárias para construir um consenso parlamentar, finaliza Héctor Scamis para El País.