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Bento XVI diz que limitações físicas causaram sua renúncia

Papa emérito deu entrevistas falando sobre trabalho na Igreja

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O papa emérito Bento XVI afirmou em entrevista publicada nesta quarta-feira (24) que um dos motivos principais de sua renúncia ao cargo mais alto da Igreja Católica foi o constante cansaço causado por suas limitações físicas.    

A conversa com o teólogo Elio Guerriero, que é autor da nova biografia de Joseph Ratzinger (que será lançada em 30 de agosto), foi publicada pelo jornal "Corriere della Sera". Em particular, o antecessor do papa Francisco, citou a Jornada Mundial da Juventude de 2013, ocorrida no Rio de Janeiro.   

"A data da Jornada Mundial da Juventude já estava marcada e devia se desenvolver no Verão de 2013 no Rio de Janeiro, no Brasil. Neste momento, eu tinha duas convicções bem precisas.    

Após a experiência da viagem ao México e a Cuba, não me sentia mais capaz de realizar uma viagem assim desafiadora. Além disso, com a imposição dada por João Paulo II, a presença física do Papa nesses dias era indispensável", destacou o Papa alemão.    

Segundo Bento XVI, essa era uma "circunstância pela qual a renúncia era um dever". Ratzinger contou que as duas viagens pela América Latina fizeram com que ele "experimentasse, com grande força, os limites da minha resistência física".    

"Sobretudo me dei conta de não estar mais apto para enfrentar todos os futuros voos transoceânicos pelo problema do fuso horário. Naturalmente, conversei sobre esses problemas também com meu médico, o prof. Dr. Patrizio Polisca. Daquele momento em diante precisei decidir, em um tempo relativamente curto, sobre a minha renúncia", contou o religioso.    

Ratzinger foi o primeiro Pontífice da história a renunciar à chefia da Igreja Católica. Apesar das especulações de que o vazamento de dados, que ficou conhecido como "Vatileaks", ter forte influência sobre a decisão, o religioso sempre afirmou que a decisão foi tomada por motivos pessoais. Em outra entrevista recente, ele contou que deixou o comando da instituição por não conseguir mexer na "porcaria" que via dentro da entidade.    

Questionado sobre seu sucessor, o argentino Jorge Mario Bergoglio, o papa emérito afirmou que a "obediência ao meu sucessor nunca foi colocada em discussão".    

"Mas, depois, apareceu o sentimento de comunhão profunda e de amizade. No momento de sua eleição eu, como tantos outros, senti um espontâneo sentimento de gratidão à Providência Divina. Após dois Pontífices da Europa Central, o Senhor desenhou a Igreja Universal e nos enviava a uma comunhão mais intensa, mais católica", ressaltou.    

O papa emérito ainda falou sobre a atual relação entre os dois religiosos. "Pessoalmente, fiquei profundamente tocado desde o primeiro momento pela extraordinária disponibilidade humana do papa Francisco nos meus encontros. Desde então, ele sempre teve um relacionamento maravilhosamente paterno e fraterno", destacou.   

- Papa Francisco escreve prefácio de livro O livro "Servitore di Dio e Dell'Umanità. La biografia di Benedetto XVI", escrito por Elio Guerriero, será lançada no dia 30 de agosto na Itália e terá o prefácio escrito pelo papa Francisco, informaram os jornais "Avvenire" e "Osservatore Romano".   

"Todos na Igreja temos uma grande dívida de gratidão com Joseph Ratzinger - Bento XVI pela profundidade e pelo equilíbrio de seu pensamento teológico, vivido sempre a serviço da Igreja até as responsabilidades maiores, de prefeito da Congregação da Doutrina pela Fé ao longo pontificado de João Paulo II e, enfim, como pastor universal", escreveu Bergoglio no texto.    

Segundo o atual líder católico, "a contribuição de sua fé e de sua cultura à Igreja foram capazes de responder às expectativas do nosso tempo, sobretudo, ao longo das últimas três décadas, onde foi fundamental. E a coragem e a determinação com as quais enfrentou situações difíceis nos indicaram a estrada para responder com humildade e verdade, no espírito de renovação e purificação".    

Francisco ainda escreveu que nesse início do seu Papado, a sua "ligação espiritual" com Ratzinger "continua particularmente profunda", destacando que "a sua presença discreta e a sua oração pela Igreja são apoio e conforto contínuo para meu serviço".    

"Quem melhor que ele pode entender as alegrias, mas também as dificuldades, do serviço da Igreja Universal e do mundo de hoje e ser espiritualmente próximo ao chamado que o Senhor me deu? Por isso sua oração é para mim particularmente preciosa e demonstração de amizade", ressaltou.