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Em primeiro discurso na Polônia, Papa pede 'novo humanismo'

Pontífice se encontrou com as autoridades do país

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Em seu primeiro compromisso oficial na Polônia nesta quarta-feira (27), o papa Francisco se reuniu com autoridades do país no Castelo de Wawel e pediu que o sonho de João Paulo II, de um "novo humanismo europeu", seja de fato implantado.

    Assim que chegou ao local da conversa, o líder católico foi recebido pelo presidente do país, Andrzej Duda, que reafirmou a alegria de seu governo de ser sede da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), idealizada pelo santo polonês.

    Dizendo estar feliz por começar sua primeira viagem para essa região da Europa pela Polônia, o Pontífice destacou a história de "perdão" que marca o povo polonês, vítima de inúmeros conflitos e, especialmente, da Segunda Guerra Mundial.

    "Na vida cotidiana de qualquer indivíduo ou de sociedade, há dois tipos de memórias: a boa e a má. A memória boa é o Magnificat, o cântico de Maria, que louva o Senhor e a sua obra de salvação. A memória negativa deixa a mente e o coração, obsessivamente, fixados sobre o mal, especialmente aquele cometido pelos outros", ressaltou o sucessor de Bento XVI.

    Segundo o líder católico, os poloneses "fizeram prevalecer a memória boa" e lembrou dos 50 anos de "perdão entre a Igreja polonesa e a alemã" e da "declaração conjunta da Igreja Católica com a Ortodoxa de Moscou". Para Francisco, "o conhecimento da identidade, livre de complexos de superioridade, é indispensável para organizar uma comunidade nacional baseada em seu patrimônio humano, social, político, econômico e religioso, para inspirar a sociedade e a cultura, mantendo-os fiéis à tradição e, ao mesmo tempo à renovação e ao futuro".

    Entre os temas abordados pelo Santo Padre, como não poderia deixar de ser, a questão imigratória roubou a cena. O Pontífice destacou que há "desafios" para as populações atuais, entre as quais o "fenômeno imigratório", que "pede a coragem da verdade e um constante empenho ético" para que sejam tomadas decisões que "respeitem a dignidade humana".

    Por isso, Jorge Mario Bergoglio pediu que todos tenham "disponibilidade em acolher aqueles que fogem das guerras e da fome" e que prestem "solidariedade àqueles que são privados de seus direitos fundamentais, entre os quais, o de professar em liberdade e segurança a própria fé".

    O apelo do Papa argentino tem razão de ser. A Polônia faz parte do grupo chamado de Visègraad (V4), ao lado da República Tcheca, Eslováquia e Hungria. Essas nações são contra a permissão da entrada de um grande fluxo de refugiados na Europa e se opuseram ao "sistema de cotas" implantado pela União Europeia para realocar os imigrantes.

    Entre as razões que alegam para não receber os estrangeiros, estão tanto questões econômicas - como falta de estrutura para receber tantas pessoas - como religiosas - alegando que não querem que seus países "deixem de ser" cristãos para ter grandes comunidades muçulmanas.

    Agora, o Papa irá participar de uma missa onde terá um encontro com bispos poloneses. (ANSA)