ASSINE
search button

Renzi, Merkel e Hollande cobram 'nova página' na Europa

Líderes querem deixar o referendo britânico para trás

Compartilhar

"Não há tempo a perder". Este é o espírito da declaração conjunta divulgada nesta segunda-feira (27) pela chanceler da Alemanha, Angela Merkel, pelo presidente da França, François Hollande, e pelo primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, após uma reunião de emergência para discutir os efeitos do referendo no Reino Unido.

 

Embora fazendo a ressalva de que o processo de ruptura entre Londres e Bruxelas só pode ser iniciado com um pedido formal por parte das autoridades britânicas, os três líderes cobraram rapidez para diminuir as incertezas e virar de vez essa página.

 

A solicitação só deve ser apresentada quando o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, deixar o poder, o que está previsto para acontecer em outubro, mês em que o Partido Conservador escolherá seu novo líder, provavelmente o ex-prefeito de Londres Boris Johnson. Apenas depois disso começarão as negociações - formais e informais - entre Londres e Bruxelas.

 

"O que aconteceu na semana passada demonstra que este é um tempo propício: se por um lado estamos tristes pelo voto dos britânicos, também é verdade que essa é uma época propícia para uma nova página na União Europeia", afirmou Renzi, catapultado ao grupo dos principais líderes europeus após a "Brexit".

 

Sua entrada no lugar de Cameron no trio formado com Merkel e Hollande também deve fortalecer uma nova abordagem no projeto da UE. Renzi é um dos mais firmes defensores de reformas na União Europeia e um crítico feroz das políticas de austeridade que colocaram muitas economias, inclusive a italiana, de joelhos.

 

"Há uma necessidade forte de dar pernas e coração ao projeto europeu para as próximas décadas. Sabemos que a UE é forte e sólida, e deve ser cada vez mais solidária e capaz de olhar para o futuro", salientou o primeiro-ministro. O mesmo tom está na declaração conjunta dos três líderes, que pede para Bruxelas dar mais atenção às "prioridades essenciais" das pessoas e sair das áreas nas quais os Estados podem agir melhor - a reclamação de ingerência da UE em assuntos menores dos países-membros é frequente.

 

"A União Europeia deve então dedicar-se às preocupações dos seus cidadãos, esclarecendo seus objetivos e suas funções", diz o documento. Além disso, Merkel, Hollande e Renzi querem dar prioridade à segurança interna e externa, ao fortalecimento da economia e da coesão no bloco e a um programa "ambicioso" para a juventude.