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"The New York Times": Brexit traz fendas na Europa e no Reino Unido também

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Em matéria abordando a União Europeia, o jornal The New York Times falou sobre as consequências econômicas, sociais e políticas envolvendo o Brexit, a reação dos grupos que quiseram ficar, assim como a dos que quiseram sair e como fica a política do Reino Unido no parlamento. Além disso, trata da ameaça do fim do grupo, uma vez que os países pertencentes divergem sobre a saída.

A chocante decisão do Reino Unido de sair da União Europeia desencadeou uma série de choques na sexta-feira, levando o primeiro ministro David Cameron a renunciar e os mercados a caírem.  A vitória decisiva dos que querem sair expôs a divisão: jovens versus adultos, urbano versus rural, Escócia versus Inglaterra. As recriminações contra David Cameron cresceram, uma vez que convocou o referendo para controlar uma rebelião em seu partido conservador e acabou por destruir seu governo e legado.

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O resultado do Brexit resultou em dor de cabeça para outros líderes da Europa, que agora terão que lidar com grupos separatistas de direita ou anti-Bruxelas. Marine Le Pen, da National Front na França, pediu por um “Frexit” e Geert Wilders do partido pela liberdade, na Holanda, pediu pelo “Nexit.” Os demais líderes europeus se encontraram em Bruxelas para começar a discutir uma resposta e reafirmar seu comprometimento à união e força do bloco.

“A primeira vista, é um rompimento, puro e simples da união” disse o primeiro ministro da França, Manuel Valls, que acrescentou “Agora é a hora para inventar uma nova Europa.” Já a Alemanha, reagiu calma. “O dia de hoje marca um dia de mudança para a Europa,” disse a chanceler Angela Merkel.

Com todos os votos contados, os votos para sair eram de 52%, enquanto o de ficar era de 48%. O processo de retirada é devagar e deve demorar anos. Significa se retirar da maior zona de troca do mundo, com 508 milhões de residentes, e abandonar um comprometimento com o livre movimento de trabalho, capital, bens e serviços. Há profundas implicações no sistema legal do Reino Unido, que deve incorporar regulamentos que cobrem desde proteção ao produto até privacidade digital. Contudo, é na troca comercial que a mudança será sentida: britânicos vão perder acesso ao mercado europeu e, agora, são imigrantes.

Para aqueles no Reino Unido que apoiaram a permanência na Europa, o resultado de sexta foi uma dolorosa rejeição, deixando o país exposto a uma possível reviravolta econômica e cultural, pois se afastaram do multiculturalismo que fez dos britânicos a sociedade mais vibrante da Europa.

Para Cameron, os resultados foram um desastre humilhante, que o forçou a anunciar sua saída para apenas 13 meses depois de ter ganhado a reeleição. Críticos dizem que ele levou o Reino Unido para fora da Europa sem um bom motivo e que a unidade do grupo está ameaçada. Em discurso, em frente a sua residência, Cameron disse que ele iria renunciar assim que um novo líder fosse escolhido pelo seu partido, por volta de outubro. “Eu amo esse país e me senti honrado de tê-lo servido.” 

Os políticos mais prováveis de substituí-lo são o ex-prefeito de Londres, Boris Johnson, principal líder na campanha para a saída, e Theresa May, a favor da permanência. Mr. Johnson se negou a responder perguntas sobre seu futuro, mas louvou o resultado. “Nós podemos achar nossa voz no mundo de novo, uma voz que seja compatível com a 5ª maior economia do mundo.” O novo cenário econômico que vai surgir preocupa, pois muito vai depender de como a União Europeia vai escolher responder, disse Boris, que acredita, por outro lado, que outras nações europeias valorizam a troca com o Reino Unido e talvez permitam uma relação apenas de mercado, sem precisar envolver liberdade de movimento e trabalho.

Deixando a economia de lado, o Reino Unido agora encara uma ameaça à sua sobrevivência. A Escócia teve 62% para ficar e 38% para sair. A primeira-ministra escocês Nicola Sturgeon disse, na sexta-feira, que era  “democraticamente inaceitável” para Escócia ser puxada para fora sem a sua vontade. Outro referendo de independência é “bem provável”.